Portugal: área ardida este ano é seis vezes superior à média da última década
Relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas especifica quantidade de hectares de área ardida por distrito, durante a primeira metade do ano.
Os números eram expectáveis, mas não deixam de causar impacto. O total de área ardida durante a primeira metade do ano foi de 128 mil hectares, cerca de seis vezes mais do que a média dos últimos dez anos. A avaliação consta do relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), divulgado esta semana.
No total, arderam em Portugal 128.195 hectares, um valor muito acima da média da última década, que rondou os 21.912 hectares. Contas feitas, só este ano ardeu mais 485% relativamente à média anual do período.
Mais ainda, em nenhum dos primeiros semestres dos últimos dez anos a área ardida tinha sido superior a 70 mil hectares. O valor mais alto na primeira metade do ano era o de 2012, com cerca de 68 mil hectares de área ardida.
O mesmo documento especifica que foram registadas 8539 ocorrências, das quais 1925 corresponderam a incêndios florestais e 6614 a fogachos. Este ano, o número de registos de ocorrências foi o 5.º mais alto do período em análise.
Os dados recolhidos mostram ainda que em 2017 a área ardida foi maior em povoamentos do que em matos. Dos 128 mil hectares, 76.422 afectaram povoamentos, cerca de mais 25 mil do que ardeu em mato. Por comparação, nos últimos dez anos, só por outras duas vezes a área ardida foi maior em povoamentos do que em matos, mas a diferença não ultrapassou os mil hectares.
Apesar das dimensões do incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou a 17 de Junho, o mês de Julho lidera em quantidade de área ardida. Só entre 1 a 31 de Julho arderam 68.632 hectares, o que representa mais de 50% da área ardida até à data. Junho viu serem queimados 44.722 hectares.
Até agora, o distrito mais afectado é o de Leiria, com 20.348 hectares, cerca de 16% da área total ardida até à data, distrito onde se deu a tragédia de Pedrógão Grande, onde um incêndio de grandes dimensões resultou na morte de 64 pessoas. Segue-se o distrito de Coimbra, com 18.045 hectares (14% do total), também afectado pelo mesmo incêndio. O terceiro distrito mais atingido foi o de Portalegre, com 17.437 hectares ardidos.
Os distritos de Porto (1846), Braga (990) e Viseu (882) foram os que tiveram mais ocorrências, mas foram maioritariamente fogachos, ou seja, não ultrapassaram um hectare de área ardida.
De acordo com o documento, foram registados cerca de 60 grandes incêndios, que destruíram 112.988 hectares de espaços florestais, cerca de 88% do total da área ardida. O relatório faz uma lista dos maiores incêndios por freguesia, não sendo assim possível apurar só com estes dados o valor total do incêndio de Pedrógão Grande que atingiu também os concelhos de Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos.
Estima-se que tenham ardido até agora 6790 hectares na Rede Nacional de Áreas Protegidas. O Parque Natural do Douro Internacional foi um dos atingidos. Também o Parque Natural Regional do Vale do Tua viu afectada 7,2% da área total, com quase 2000 hectares ardidos.