Líder do BE considera que eleição de constituinte da Venezuela não é acto democrático
Catarina Martins afirmou que “há muitas ditaduras em que se vota, por exemplo em Angola, e não são uma democracia”, situação que comparou à que se vive na Venezuela. As condições da democracia “exigem liberdade de expressão, pluralidade de opiniões e imprensa livre”, disse.
A líder do Bloco Esquerda (BE), Catarina Martins, disse este domingo, em Oliveira do Hospital (distrito de Coimbra), que as eleições para a Assembleia Constituinte da Venezuela não são um acto democrático.
"Na Venezuela não estão garantidas condições de liberdade e de pluralidade e há também uma enorme ingerência externa que condiciona muitas decisões que são tomadas e, portanto, sobre todos os pontos de vista diria que não estamos a olhar para uma situação democrática", sublinhou a dirigente, que se deslocou ao acampamento do partido "Liberdade 2017", que decorre no parque de campismo de S. Gião.
Quase 20 milhões de pessoas são chamadas neste domingo a votar no país sul-americano para eleger uma Assembleia Constituinte, num sufrágio convocado pelo presidente Nicolás Maduro, com o principal objectivo de alterar a Constituição em vigor, nomeadamente os aspectos relacionados com as garantias de defesa e segurança da nação, entre outros pontos.
O acto tem sido marcado pela polémica e está a ser alvo de protestos da oposição do país.
A coordenadora do BE manifestou-se preocupada com a situação de instabilidade que se verifica naquele país da América do Sul e disse esperar que a comunidade portuguesa aí residente seja acompanhada da melhor maneira possível.
Catarina Martins sublinhou ainda que "o BE nunca confundiu a democracia com o acto formal de voto", salientando que "há muitas ditaduras em que se vota, por exemplo em Angola, e não são uma democracia".
"Portanto, o facto de existir hoje [na Venezuela] um acto em que as pessoas vão votar não significa que seja democrático, porque as condições da democracia exigem liberdade de expressão, pluralidade de opiniões, imprensa livre, e que haja capacidade dos próprios países tomarem decisões", frisou.