Oposição venezuelana apela ao bloqueio das ruas

“Que não seja uma luta do povo contra o povo”, afirmou o líder da oposição venezuelana Freddy Guevara, assegurando que “o adversário é o Estado”.

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“Independentemente da fraude, não vamos dobrar a coluna”, afirmou Freddy Guevara Reuters/UESLEI MARCELINO

A oposição chamou os venezuelanos a bloquearem neste domingo as ruas dos 23 estados da Venezuela, para reduzir a participação nas eleições para a Assembleia Constituinte e contestar os números da participação no acto a serem anunciados pelo Governo.

"Um bloqueio nacional contra a ditadura ao longo do país. Devemos levantar-nos e demonstrar que não vamos deixar de lutar", disse o vice-presidente do Parlamento venezuelano, Freddy Guevara, em conferência de imprensa que teve lugar na Praça de Los Palos Grandes, no leste Caracas, durante a qual explicou que a intenção é deslegitimar o processo, com baixa participação, e "desmascarar" o Governo, que poderá dizer que houve milhões de votos.

"Independentemente da fraude, não vamos dobrar a coluna", frisou. Por outro lado, Guevara denunciou que os funcionários públicos estão a ser pressionados para participarem nas eleições e pediu que não ocorram confrontos entre pessoas devido a diferenças políticas.

"Que não seja uma luta do povo contra o povo. O adversário é o Estado, não nós, não os venezuelanos. Independentemente de haver uns venezuelanos que, por ideologia, estão na disposição de votar, de estragar o futuro, não podem haver confrontos", frisou.

Freddy Guevara instou os venezuelanos a gravarem em vídeo e a fotografar os centros eleitorais para comprovar a participação no processo. Quanto a Caracas, haverá uma concentração na auto-estrada Francisco Fajardo (leste), a partir das 10h00 horas locais (15h em Portugal), que depois virará marcha até um destino que será anunciado segunda-feira.

"A partir de segunda-feira aumentará a pressão e virá uma etapa maior de mobilização até que o regime negoceie a sua saída ou as Forças Armadas deixem de respaldar o Governo [...]. A pressão tem que ser maior e melhor organizada", defendeu.

Mais de 19,8 milhões de venezuelanos estão convocados para ir às urnas neste domingo, para eleger os membros da Assembleia Constituinte, impulsionada pelo Presidente Nicolás Maduro para modificar e incorporar elementos essenciais da actual Constituição.

Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foram admitidas 6120 candidaturas que disputam 545 cargos a eleger, oito deles em representação indígena. Do total das candidaturas, 3546 são por representação territorial e 2574 de âmbito sectorial ou local.

As urnas estarão abertas a partir das 6h00 horas locais (11h horas em Lisboa) e 364 dos candidatos eleitos terão representação territorial (nacional) e 173, sectorial ou local. O encerramento dos centros está previsto para as 18h00 horas locais (23h em Lisboa), se não houverem eleitores em fila para votar. Nestas eleições a oposição venezuelana decidiu não participar.