No Paquistão, a família Sharif quer continuar no poder mas Khan aperta o cerco

O ex-capitão da selecção de críquete, Imran Khan, garante que será primeiro-ministro após as eleições de 2018.

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Imran Khan também está a ser investigado pelo Supremo Tribunal, mas diz que são só "vinganças pessoais" Caren Firouz/REUTERS

Imran Khan, o antigo capital da selecção de críquete paquistanesa, está a contar tornar-se primeiro-ministro do Paquistão em 2018, depois de Nawaz Sharif ter sido obrigado a deixar o cargo, devido às acusações de corrupção. Mas apesar de ter sido inabilitado para concorrer a cargos políticos durante uma década pelo Supremo Tribunal, Sharif está a preparar a sua sucessão dentro da sua própria família – avançou com o nome do seu irmão, Shehbaz Sharif, e um aliado será eleito primeiro-ministro interino já na terça-feira.

"Estou certo de que vamos ganhar as eleições", disse à Reuters Khan, de 64 anos, uma figura carismática, que enquanto enquanto capitão da selecção de críquete era um herói nacional, conhecido como um playboy que teve vários casos com mulheres inglesas famosas. Hoje dirige um partido populista, o PTI, que fomentou protestos na rua contra Sharif e arrastou milhares para os seus comícios. Tem um discurso anti-corrupção e anti-EUA, e conseguiu captar o interesse da juventude urbana e da classe média. Os seus apoiantes, diz o New York Times, são dominantes nas redes sociais.

Ainda que o Supremo Tribunal paquistanês também o esteja a investigar, por não declarar todos os seus bens – algo semelhante ao que que se passou com Sharif –, ele desdramatiza. Diz que se tratam de vinganças pessoais, e faz já programa do que será o seu futuro governo: promete que se vai concentrar em projectos de desenvolvimento que beneficiem os mais pobres.

Nawaz Sharif, entretanto, nomeou o seu irmão Shehbaz Sharif, até agora o poderoso chefe do governo da província de Punjab, como seu sucessor à frente da Liga Muçulmana do Paquistão (PMLN), o que lhe dará o direito de disputar as legislativas de 2018. E na terça-feira o Parlamento vai eleger um seu aliado, Shahid Khaqan Abbas, até agora ministro do Petróleo, como primeiro-ministro interino.

A Liga Muçulmana tem 188 deputados num Parlamento de 342 lugares, portanto não deve ter dificuldades para impor Abbas. O plano é que Abbas não desempenhe o cargo durante mais de dois meses: apenas o tempo necessário para que Shehbaz Sharif renuncie à liderança do governo de Punjab, a maior província do Paquistão, e ganhe as eleições indirectas na Assembleia Nacional, para ser primeiro-ministro, até às eleições de 2018.

Nawaz Sharif, 67 anos, renunciou ao cargo na sexta-feira, depois de o Supremo Tribunal o ter inabilitado politicamente, porque continuou a liderar uma empresa com sede no Dubai mesmo quando já dirigia o país, sem declarar rendimentos. Apesar de vários negócios da sua família terem surgido na investigação Panama Papers, este caso foi descoberto por uma equipa de investigação nomeada pelo Supremo Tribunal paquistanês.

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