Caves Cálem investem três milhões em experiências sensoriais vínicas
As Caves Cálem investiram três milhões de euros no novo centro de visitas para oferecer experiências sensoriais vínicas, com conteúdos inovadores. Casam tradição com tecnologia e nem o fado escapou.
Despertam-se os sentidos com experiências que espicaçam o olfacto ou o tacto à medida que se vai percorrendo o novo museu interactivo das Caves Calém, na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia. E nem a audição escapa numa outra sala nova, a de experiências, com momentos de fado, Património Cultural Imaterial da Humanidade. “Somos a única cave a juntar fado ao vinho do Porto”, garante a directora de marketing e comunicação, Patrícia Sousa, enquanto conduz uma visita pelo novo centro de acolhimento que envolveu um investimento de três milhões de euros.
Com este projecto nasceu, assim, uma sala de provas com capacidade para 210 pessoas — decorada com painéis de Martinha Maia e com barricas empilhadas —, o museu interactivo e uma loja reestruturada. E ainda a sala de experiências, com duas guitarras tradicionais portuguesas — uma delas com imagens de azulejos tradicionais —, expostas na parede de pedra que dão o mote: Atenção que se vai cantar o fado nas Caves Cálem! Mas só na visita das 18h30 o turista pode ouvir aos acordes de dois guitarristas acompanhados de um fadista. E depois viver uma “experiência de harmonização” que casa, por exemplo, a prova de vinho do Porto — Ruby, Tawny e Branco — com queijos e chocolate.
Com todas estas novidades, as Caves Cálem esperam aumentar, este ano, em 30% os 235 mil visitantes de 2016. “Esta é a cave mais visitada das 14 certificadas”, garantiu Daniel Nomdedeu, o CEO da Sogevinus Fine Wines, grupo proprietário da marca Cálem. E é, sobretudo, visitada por espanhóis, franceses e ingleses.
Daniel Nomdedeu quer “fazer do turista um embaixador do vinho do Porto nas suas terras de origem, tornando-a uma extensão do Porto”. E prevê mesmo que este investimento dispare o volume de negócios da empresa em 15%. Só em 2016 facturou três milhões de euros nas duas caves de vinho do Porto — Cálem e Burmester — e as três lojas — Cálem, Copke e Sogevinus.
E se “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, como Fernando Pessoa já dizia, a inovação tecnológica do moderno centro de visitas Museu Cálem deixa surpreendidos turistas e restantes visitantes. Como a canadiana Evelyn que entra portas dentro, pela primeira vez, e promete repetir a experiência em breve de tanto que gostou. “Fiquei entusiasmada, porque nunca vi nada assim. Logo à entrada, temos o mapa interactivo que visualmente é muito bonito e surpreendente”. Quase a tocar o chão, neste mapa da região demarcada do Douro, zona vinhateira, feito de cortiça, surgem as condições climatéricas a várias cores. Ainda à entrada, salta à vista numa parede a inscrição “Tal como acontece com o próprio rio, a história da Cálem flui com o Vale do Douro”.
E assim começa uma viagem pela história de uma marca de vinho do Porto, com uma visita em que é o próprio turista a ditar os seus passos. Vê, toca e aprende apoiado por um sem número de artefactos, gráficos, dispositivos eletrónicos interativos e diversos vídeos explicativos. Só depois um guia o conduz aos restantes espaços da cave, também eles com tecnologia interactiva.
Maite, que chegou de Espanha há poucos dias, aplaude a ideia de descobrir o mundo da vinicultura sozinha. “Despertou-me os sentidos e acho que não me escapou nada do museu, onde posso mexer, tocar e até cheirar caixas perfumadas de amora, framboesa ou baunilha, numa mesa para também adivinhar qual o aroma”, diz. Segue logo, sem demora, para a próxima descoberta: desde a vindima na adega, passando pela fermentação até ao envelhecimento e engarrafamento. Mais à frente, uma mostra do solo de xisto e argila do Douro chama-lhe a atenção que, de seguida, salta para as caixas de luz que exploram as tipologias de vinho do Porto — Branco, Ruby, Tawny e Rosé — com a respectiva evolução da tonalidade. E um questionário interactivo pergunta-lhe “Qual é o seu Porto?” para depois lhe enviar um rótulo personalizado com uma sugestão.
Há ainda uma galeria de garrafas de vinho do Porto antigas, sendo a mais velha de 1870. Segue-se depois a visita com o guia em várias línguas com a projecção no balseiro de imagens das cheias na ribeira desde 1979 até os dias de hoje. Um corredor com mais destas dornas onde fermentava o mosto de um lado e pipas do outro conduz por mais salas até ao novo espaço de provas e eis que a visita pela história das Caves Cálem e Douro Vinhateiro termina. Com um inevitável brinde.