Primeiro-ministro paquistanês vai ser afastado por suspeitas de corrupção

O Supremo Tribunal de Justiça retirou a idoneidade a Nawaz Sharif e ao ministro das Finanças Ishaq Dar. Será a primeira vez que um líder político é judicialmente afastado no Paquistão.

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O seu mandato terminaria no próximo ano MOHSIN RAZA

O Supremo Tribunal do Paquistão decretou o afastamento do primeiro-ministro Nawaz Sharif, por suspeitas de corrupção. O governante estava a cumprir o seu terceiro mandato, que terminaria em 2018. Pouco depois de ser anunciada a decisão, um canal de notícias estatal fez saber que também o ministro das Finanças, Ishaq Dar, irá ser retirado do cargo. Esta é a primeira vez que um líder político é afastado naquele país devido a uma acção judicial.

Em causa está uma investigação às finanças da família do primeiro-ministro paquistanês revelada na lista dos Panama Papers, nas quais foram detectadas irregularidades. Apesar de o seu nome não ser citado na lista dos Panama Papers, as investigações detectaram ligações ao primeiro-ministro e à sua família. O tribunal investigou propriedades imobiliárias no estrangeiro, nomeadamente em Londres, registadas no nome de três dos filhos de Sharif, Maryam, Hassan e Hussain. De acordo com a investigação, a família do líder paquistanês estava "a viver acima das suas possibilidades".

Esta decisão histórica “irá provavelmente agitar o já tumultuoso balanço político e é um sério golpe para o legado de um homem que ajudou a definir a última geração da política paquistanesa”, escreve o New York Times.

O Governo deverá agora nomear um substituto interno que assuma as funções até às próximas eleições gerais, em meados do próximo ano. O partido deverá emitir um comunicado ainda esta sexta-feira.

De acordo com especialistas citados pelo Times, existem já alguns nomes apontados como sucessores prováveis de Sharif. Sardar Ayaz Sadiq, porta-voz da Assembleia nacional, Shahid Khaqan Abbasi, ministro do Petróleo, Khurram Dastgir Khan, ministro do Comércio e Khawaja Muhammad Asif, ministro da Defesa, são os quatro nomes citados.

O ministro das Finanças, antigo contabilista de Shariq, é considerado um dos executivos mais influentes da equipa do primeiro-ministro paquistanês. 

Esta não é a primeira vez que Sharif é acusado de corrupção. A sua carreira, aliás, tem sido marcada por episódios com acusações, tendo mesmo sido obrigado a renunciar ao título de primeiro-ministro durante o seu primeiro mandato. Em 1999 foi novamente afastado por Pervez Musharraf após um golpe de Estado. Pediu então exílio à Arábia Saudita, onde permenaceu até 2007. Foi novamente eleito em 2013.

Em Novembro do último ano, a filha de Sharif partilhou um documento no Twitter, que dizia ser de 2006. Na legenda descrevia os documentos como a “prova” de que era não a proprietária dos imóveis referidos na investigação, mas sim a mandatária. No entanto, o documento usa uma fonte tipográfica – Calibri – que só surgiu em 2007. O pormenor não escapou aos responsáveis envolvidos nos trabalhos de investigação.

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