Tsipras: "Tenho uma perspectiva muito diferente da que tinha quando cheguei"
O primeiro-ministro grego admite que a exigência da função não evitou "erros", nomeadamente na nomeação de "figuras-chave". Sair do euro, diz, nunca foi uma hipótese.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acredita que “o pior já passou” no seu país. O líder grego confessa esta segunda-feira numa entrevista ao Guardian que tem agora “uma perspectiva muito diferente do que a que tinha inicialmente”, quando há dois anos e meio chegou ao Governo sem “experiência, nem noção de quão grandes seriam as dificuldades no dia-a-dia”. Por isso, assume, cometeu “grandes erros”, e cita como exemplo “a escolha de pessoas para lugares-chave”, da qual se arrepende, sem dizer nomes.
Tsipras garante ainda que a saída do euro e, por arrasto, da União Europeia nunca esteve em cima da mesa. “Sair da Europa e ir para onde? Para outra galáxia?”, questionou o primeiro-ministro grego. “A Grécia faz parte da Europa. Sem ela, como seria a Europa? Perderia uma parte importante da sua História e do seu património”, sublinha o governante grego.
Por outro lado, garante que “a economia está a crescer”. “Lentamente, lentamente. Mas o que ninguém acreditava que poderia acontecer, vai acontecer. Vamos tirar o país da crise. E é isso que, no final, será avaliado [pelos gregos]”, sublinha.
Apesar de não ter referido Yannis Varoufakis como um erro de casting, Tsipras não poupou críticas ao antigo ministro das Finanças. “Talvez chegue o momento em que certas verdades serão ditas. Quando chegarmos ao ponto de analisar o que ele apresentou como plano B, um plano tão vago que nem valia a pena discutir. Era simplesmente fraco e ineficaz.”
Além disso, Tsipras desmistifica ainda a ideia de que Varoufakis seja um opositor do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. “Eu acho que [Schäuble] é o alter ego dele. Ele adora-o. Ele respeitava-o e ainda respeita muito.”
Para o líder grego, a recuperação do país acontecerá “em Agosto de 2018, quando, após oito anos, a Grécia sair do programa de assistência e da supervisão internacional”. “No clima negativo que ainda se sente hoje, isso é uma coisa que o grego da classe média não acredita”, acrescenta.
"Se forem às ruas perguntar sobre este governo, muitos poderão chamar-nos de mentirosos, mas ninguém vai dizer que somos corruptos, que não temos honra ou que pusemos as mãos nos bolsos dos gregos", assevera.
Varoufakis já reagiu às declarações do actual governante com um artigo publicado no mesmo jornal britânico. O antigo ministro das Finanças grego acusa Tsipras de ser "hipócrita" e acusa-o de "incapacidade de manter uma crítica radical em relação aos seus antecessores". Yanis Varoufakis sublinha ainda que o importante é olhar para o futuro, cuja antecipação é muito menos promissora do que aquela que faz Tsipras.