PSD cria grupo de trabalho para evitar “compra” de votos nas eleições internas
Decisão surge depois de relatos de transporte de militantes para o local de voto.
O líder da distrital de Lisboa do PSD vai criar um grupo de trabalho para poder tomar medidas contra a “compra” de votos em eleições internas. A decisão de Pedro Pinto é assumida ao PÚBLICO depois de o jornal online Observador ter filmado uma das facções candidatas à distrital da capital – a liderada por Rodrigo Gonçalves (concelhia de Lisboa) – a transportar militantes para o local de voto no dia das eleições para aquela estrutura.
Pedro Pinto, figura próxima de Passos Coelho e que foi eleito líder da distrital nessa ocasião, disse ter “preocupação” por esse tipo de influência de voto. “Não quero um partido de votantes a votar nas eleições sem saberem porquê”, afirmou o dirigente social-democrata. Nesse sentido, será criado um grupo de trabalho, com elementos da distrital e de fora dela, para fazer uma "reflexão" sobre as influências no voto e "formas de participação" interna.
O Observador revelou ter existido transporte de vários militantes do PSD de bairros de Lisboa até ao local de voto, um hotel na capital, no dia das eleições para a distrital do partido, a 1 de Julho. Esse transporte foi captado por câmaras de filmar (colocadas à porta de entrada do hotel) e depois admitido por Rodrigo Gonçalves, que lidera uma bolsa de contestação a Passos Coelho e que apoiou uma lista - "Lisboa Sempre" à secção de Lisboa da Assembleia distrital, liderada pelo ex-ministro Nuno Morais Sarmento. Um dos motoristas de uma carrinha que transportou militantes admitiu que a maioria votou na lista "Lisboa Sempre". Esta candidatura conseguiu 153 delegados (cerca de 25%) contra os 460 da lista afecta a Pedro Pinto , "Afirmar Lisboa”, que concorreu às dez secções do distrito. Sem oposição à comissão política distrital, Pedro Pinto foi eleito líder daquele órgão com 2769 favoráveis, 721 brancos e 69 nulos.
O PÚBLICO tentou contactar Rodrigo Gonçalves, mas não obteve resposta. A direcção nacional do partido também ainda não comentou a reportagem do Observador.