Câmara de Braga vai afinal ficar com o Cinema São Geraldo para fins culturais

Autarquia decidiu arrendar o edifício, pertença da diocese, que tinha para o espaço um projecto comercial muito contestado na cidade.

Foto
O antigo cinema, no centro da cidde, encontra-se em avançado estado de degradação. mdu Marco Duarte

 A câmara de Braga vai criar no antigo cinema S. Geraldo, propriedade da Arquidiocese bracarense, um Media Arts Centre, tornando o local "pedra angular" nas candidaturas a cidade criativa da UNESCO e Capital Europeia da Cultura. Em declarações hoje à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, explicou que para aquele efeito a autarquia vai arrendar o edifício à Arquidiocese (por 12. 500 euros mensais), segundo a proposta que vai no início da semana ser votada em reunião do executivo.

Segundo Ricardo Rio, o negócio surge no "contexto de circunstâncias várias", e o autarca nega qualquer tipo de "aproveitamento eleitoralista" da questão, uma vez que o projecto da Igreja para o edifício, em "evidente estado de degradação", que contemplava transformar o local em zona habitacional e de comércio gerou, nos últimos meses, muita contestação.

"No âmbito da candidatura a Cidade Criativa da Unesco tínhamos já planeado, está na candidatura expressa a ideia de criação de um Media Arts Centre, um conceito que conjuga diversos espaços com valências várias, desde espaços expositivos, incubadoras criativas, a outras dimensões", apontou o autarca. O Media Arts Centre, explicou, "será um espaço de convergência entre arte, ciência e tecnologia e o meio privilegiado para a criação, experimentação, aprendizagem, apresentação e exposição da produção em Media Arts".

Questionado sobre porque é que só agora é que a autarquia manifesta interesse no edifício, uma vez que nos últimos meses têm havido muitos protestos por parte de várias forças políticas, culturais e movimentos associativos contra a intenção da Arquidiocese em transformar o S. Geraldo numa galeria comercial e habitacional, o autarca apontou "circunstâncias várias", entre elas, assume, o repto da sociedade civil.

"Não achámos que o edifício em si justificasse a sua preservação e que tivesse de ser a câmara municipal a investir num projecto viável para o espaço, já que é um espaço privado. Na altura não nos pareceu que fosse prioritário. A partir o momento que nos apareceu esta possibilidade do Media Arts, e as outras possibilidades se foram gorando, depois de contactos vários que fomos tendo e diga-se também, não temos pejo nenhum em assumi-lo, a reptos vários da sociedade, achámos que estavam reunidos os requisitos para avançarmos com esta hipótese", afirmou.

Esta "convergência de oportunidades", uma vez reunidas "vão tornar o S. Geraldo pedra angular na candidatura a Cidade Criativa da UNESCO e no trabalho que queremos desenvolver também no âmbito da candidatura a Capital Europeia da Cultura [em 2027]", insistiu, admitindo que a escolha possa ser entendida como uma medida eleitoralista. "Naturalmente que todas as ações que se tomem, ou não tomem, estão sempre sujeitas a uma leitura eleitoralista, mas neste caso isso não se possa aplicar, esta questão resulta da convergência desses vários fatores, circunstâncias que há um ano não se colocavam", apontou.

O contrato de arrendamento do antigo cinema S. Geraldo vai ser analisado e votado na próxima reunião do executivo camarário marcada para segunda-feira, dia 24, e prevê a duração de dez anos, renováveis, com opção de compra pela autarquia.
A renda será de 12.500 euros mensais, sendo que a câmara fica isenta do pagamento daquela quantia nos primeiros nove meses da vigência do contrato, ficando a pagar nos seis meses seguintes metade daquele valor e nos três meses subsequentes 75%, pelo que só em fevereiro de 2019 a autarquia irá começar a pagar a renda integral.