Jonathan Edwards diz que Christian Taylor e não só podem bater o seu recorde
O recordista mundial do triplo salto acredita que a sua marca não durará muito mais tempo.
Aproximam-se os Mundiais de atletismo, que terão lugar em Londres, de 4 a 13 de Agosto, e neles uma das provas que mais interessa a Portugal é a do triplo salto, tanto nos homens como nas mulheres, fruto das presenças de Nelson Évora, Patrícia Mamona e, certamente também, de Susana Costa.
Os recordes mundais nas duas vertentes do evento fazem em breve 22 anos de idade, pois, curiosamente, foram ambos estabelecidos durante os Mundiais de Gotemburgo, na Suécia, em 1995. No lado masculino os 18,29m do britânico Jonathan Edwards fazem anos a 7 de Agosto, no feminino os 15,50m da ucraniana Inessa Kravets a 10 de Agosto.
A marca de Kravets só foi seriamente aproximada, até agora, pela camaronesa Françoise Mbango, na final olímpica de Pequim 2008, com 15,39m, o que é tanto mais surpreendente quanto é certo que à data dos seu estabelecimento a disciplina na vertente feminina era ainda nova nos programas e, portanto, menos estabelecida que outras.
Quanto ao lado masculino, quando Edwards saltou 18,16m e depois 18,29m, em Gotemburgo, não havia qualquer outro atleta acima de 18m, dado que o recorde era detido pelo americano Willie Banks, com 17,97m, em Junho de 1985, pelo que o resultado surgiu como bombástico.
Nestes 22 anos, desde então, apenas mais quatro triplistas passaram 18m, primeiro o americano Kenny Harrison, com 18,09m nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, depois o francês Teddy Tamgho, com 18,04m nos Mundiais de Moscovo de 2013, e mais recentemente, o cubano Pedro Pichardo, com 18,08m em 2015, em Havana, e o americano Christian Taylor, que nos Mundiais de Pequim de 2015, em Pequim, aterrou a 18,21m.
Aqui as campaínhas soaram e falou-se, finalmente, de que o recorde intocável de Edwards poderia ser substituído. O inglês concorda e no âmbito de uma conferência telefónica organizada nesta terça-feira pelo canal Eurosport, na qual o PÚBLICO participou, confirmou o que pensa. “Creio que o recorde não durará muito mais. Talvez em Londres possa cair e deverá ser para o Christian Taylor. Mas se não for agora, será mais dia menos dia. Ainda esta semana um miúdo de 16 anos bateu o recorde mundial juvenil com 17,30m...”
Um prodígio com 16 anos
Esta foi a novidade dos Mundiais de Nairobi. O cubano Jordan A. Diáz saltou 17,30m, demonstrando uma técnica impressionante, e passou a ser o novo recordista mundial sub-18. Está a 99 centímetros do máximo de Edwards, mas nasceu a 23 de Fevereiro de 2001, portanto apenas há pouco fez 16 anos. A sua progressão foi alucinante: de 15,02m em 2015, portanto aos 14 anos, passou a 15,65m o ano passado e agora foi o que se viu. O tempo estará do lado dele, mas deve relembrar-se que no passado muitos foram longe quando jovens e não conseguiram sustentar depois a progressão.
Para os Mundiais, e em termos competitivos puros, esquecendo a questão do recorde, Nelson Évora, que correntemente ainda não atingiu 17m, deverá ter como principais adversários os norte-americanos. Christian Taylor, claro, que tem esta época 18,11m, em Eugene a 27 de Maio, e Will Claye, que nos trials de Sacramento, a 23 de Junho, passou 18m com vento e detém dessa data uma marca regular de 17,91m. O cubano Pedro Pablo Pichardo, que “aterrou” de modo inesperado em Portugal - no Benfica - depois de ano e meio sem competir e vindo de uma reunião na Alemanha, não estará nos Mundiais e tentará mudar de nacionalidade no médio prazo, mas será homem para pensar também no recorde mundial, pois com pouca rodagem já saltou 17,60m recentemente em Lausanne, a 17 de Julho.
As distâncias entre os melhores atletas de sempre podem parecer relativamente curtas, mas a partir de certa altura a subida é feita mesmo a pulso. Por exemplo, a partir o primeiro salto acima de 17m, obra do polaco Józef Szmidt, com 17,03m em Olsztyn, a 5 de Agosto de 1960, foi necessário esperar pelo dia 7 de Agosto de 1995, portanto 35 anos, para se ver o primeiro salto acima de 18m, 18,16m por Jonathan Edwards na mesma série em que faria 18,29m – o que em medidas imperiais, ainda muito usadas pelos americanos, significam míticos 60 pés exactos!
Se Taylor conseguir bater esse recorde em Londres, será apenas o segundo americano a deter o máximo mundial desde Julho de 1924. Um americano, Dan Ahearn, foi o primeiro recordista mundial oficial com 15,52m, em Maio de 1911, mas daí para diante o máximo andou por muitas outras paragens, em especial Brasil e União Soviética, com sete e seis máximos respectivamente.
Se for Pichardo (ou Jordan Diáz...) a lá chegar, Cuba terá o seu segundo recordista, depois de Pedro Pérez Duenas ter feito 17,40m em 1971. Edwards foi o único recordista britânico.