Patrick Drahi ao PÚBLICO: "Se António Costa tem queixas não é com a Altice"

O líder e fundador do grupo dono da PT Portugal dá a sua versão sobre os acontecimentos de Pedrógão Grande: "Em nenhum sítio do mundo uma torre consegue aguentar milhares de chamadas num só minuto".

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Patrick Drahi esta manhã em Lisboa Daniel Rocha

Patrick Drahi, à saída da conferência de imprensa sobre a compra da Media Capital pela Altice, revelou ao PÚBLICO que iria encontrar-se hoje com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa. E ensaiou o que iria explicar ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, que criticou de forma violenta o comportamento da PT Portugal nos incêndios de Pedrógão Grande: "Em nenhum sítio do mundo uma torre consegue aguentar milhares de chamadas num só minuto. Em nenhum sítio do mundo", repetiu, numa referência ao colapso das comunicações durante as horas críticas do incêndio. 

Para o fundador da Altice – que não falou durante toda conferência de imprensa desta manhã – "o que é importante é o tempo de resposta para reparar a rede. E nesse aspecto, os trabalhadores da PT fizeram um trabalho excepcional".

Confrontado com as queixas de António Costa no Parlamento, Patrick Drahi sublinhou que "se o primeiro ministro tem queixas sobre o que se passou [em Pedrógão Grande] não é com Altice, é com as suas próprias pessoas". 

Durante a conferência de imprensa desta manhã, já Michel Combes, director-executivo da Altice, tinha lamentado a tragédia dos incêndios, recusando fazer política sobre a situação e sublinhando que "foi uma tragédia para o país". "Observámos de fora e estávamos em contactos diários com o Paulo Neves [presidente-executivo da PT Portugal]". "Fizemos tudo o possível para fazer funcionar a rede. É muito difícil, estamos orgulhosos do trabalho que fizemos", destacou, admitindo que há espaço para melhorar o serviço."Se pudermos melhorar no futuro, melhoraremos. Mas achamos que o que fizemos foi bom."

Sobre as críticas de António Costa e o ambiente que se vive em torno da Altice, Michel Combes acrescentou que a empresa que lidera sente-se bem-vinda em Portugal "como qualquer investidor". "O país é exigente e nós damos razões para responder a essa exigência. "Tenho a certeza que somos bem-vindos. Percebo que há pressão de vez em quando, é por isso sou muito cauteloso nestas alturas", reforçou, descrevendo de forma exaustiva os investimentos que o grupo já fez e que se compromete a continuar a fazer, depois da compra da Media Capital.

Estas declarações surgem no final de uma semana em que António Costa atacou a PT Portugal perante os deputados, no debate do Estado da Nação. "Espero que a entidade reguladora olhe com atenção o que aconteceu, só nestes incêndios de Pedrógão Grande, com as diferentes operadoras e para compreender bem como houve algumas que conseguiram manter sempre as comunicações e houve outra que esteve muito tempo sem conseguir manter comunicações nenhumas”, afirmou o líder do Governo.

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