Grupos de direitos humanos protestam contra decisão da UNESCO sobre o Tibete

Os grupos argumentam que a designação da UNESCO permitirá às autoridades chinesas remover os moradores da área, conhecida como Hoh Xil, e ameaçar o seu ambiente e a cultura nómada.

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ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO

Grupos de direitos humanos tibetanos criticaram a decisão da organização cultural das Nações Unidas, a UNESCO, de estender o estatuto do património mundial a uma extensa área de planalto. O argumento é que esta decisão vai reforçar o controlo do Governo chinês sobre a região.

Mais: com esta decisão, a China terá argumentos para tirar os moradores daquela área, conhecida como Hoh Xil, ameaçando o ambiente e a cultura nómada. "O Comitê (UNESCO) ignorou a realidade de que os tibetanos e os nómadas, em particular, são dependentes da paisagem cujo papel é essencial para sustentar a vida selvagem", disse Kai Mueller, director-executivo da Campanha Internacional para o Tibete.

A área tem uma elevação de mais de 4500 metros e é o lar de várias espécies endémicas, bem como toda a rota migratória do antílope tibetano em extinção.

A decisão da UNESCO poderá servir de argumento para acelerar os esforços dos chineses para mover os nómadas para aldeias estabelecidas. "A UNESCO deve manter e salvaguardar a cultura do mundo, mas essa decisão vergonhosa fará exactamente o contrário e, em última instância, ajudará a China a negar aos tibetanos os seus direitos fundamentais", disse Pema Yoko, director-executivo do grupo de advocacia Students for a Free Tibet.

A China rejeita a crítica dos grupos de direitos humanos e exilados que a acusam de atropelar os direitos religiosos e culturais do povo tibetano, dizendo que levou a prosperidade a uma região atrasada. Os representantes chineses argumentam que o novo estatuto da UNESCO visa ajudar a proteger a área e não afectará a cultura tradicional.

A designação de áreas protegidas não dá à UNESCO nenhum poder de execução, mas provou ser controverso em áreas sobre as quais há reivindicações territoriais. Por exemplo, na sexta-feira, a organização também nomeou um antigo santuário na Cisjordânia ocupada, venerado por judeus e muçulmanos, como "Património da Terra Palestina em Perigo", o que irritou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que apelidou a decisão de "delirante".