Deputadas do PS pedem explicações ao autarca que recusou enterro de cidadão cigano
Presidente da junta de Cabeça Gorda recusou enterro alegando que o indivíduo não era natural nem residia na freguesia.
As deputadas socialistas Idália Serrão, Sandra Pontedeira e Wanda Guimarães pretendem saber em que critérios se baseou Álvaro Nobre (CDU), presidente da Junta de Freguesia da Cabeça Gorda no concelho de Beja, para recusar o enterro de um cidadão de etnia cigana no cemitério da freguesia a que preside.
A família do cidadão, que morreu de doença cardiovascular no Centro de Saúde Moura na quinta-feira da semana passada, tinha pedido ao autarca autorização para que o corpo fosse inumado no cemitério da Cabeça Gorda, pedido que o presidente da junta recusou, alegando que a pessoa em causa não era natural nem residia nesta freguesia.
As três deputadas referem no seu pedido de esclarecimento, que enviaram ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que consideram “incompreensível a alegada recusa declarada pelo presidente da Junta de Freguesia e pelos serviços da mesma Junta de Freguesia”. A decisão do autarca, a confirmar-se, “configura um acto injustificável e incompreensível, de manifesta exclusão social, que viola a Constituição da República Portuguesa”, assinalam.
Por considerarem de “absoluta importância” o esclarecimento da situação, as deputadas solicitam que o autarca Álvaro Nobre confirme se “recusou acolher nos equipamentos públicos da freguesia, casa mortuária e cemitério, os restos mortais de um cidadão português de etnia cigano. Em caso afirmativo, pretendem saber em que se baseou para ter feito a recusa.
Se a primeira questão for confirmada pelo autarca, as deputadas socialistas perguntam-lhe se reconhece na decisão tomada “um acto xenófobo e racista” e se em “ocasiões futuras” que posição tomará a Junta de Freguesia da Cabeça Gorda sempre que lhe seja solicitada autorização para o enterro de cidadãos portugueses de etnia cigana.