Mais um super-herói a picar o ponto
A nova encarnação do Homem-Aranha, dirigida pelo anónimo (e anódino) Jon Watts e protagonizada por Tom Holland, é pura mastigação.
Mais um reboot de Homem-Aranha, que já não é o mesmo que era quando Sam Raimi, nos anos 2000 (no tempo em que estas grandes produções de super-heróis ainda tinham, de vez em quando, um realizador decente capaz de deixar alguma marca), pegou na série com resultados relativamente felizes pelo menos nos primeiros momentos (nunca mais um filme de super-heróis conseguiu a nonchalance daquele célebre beijo entre Tobey Maguire e Kirsten Dunst).
Esta nova encarnação, dirigida pelo anónimo (e anódino) Jon Watts, e protagonizada por Tom Holland, é pura mastigação, que se limita a aceitar as características distintivas da personagem (em especial a sua juventude, o facto de Peter Parker ser um estudante do liceu) para depois servir o “espectáculo” do costume, feito de super-vilões e efeitos digitais a rodos, num carrossel sem alma nem sentido de economia, onde tudo anula tudo e nada tem significado de qualquer espécie, como uma viagem numa montanha russa.
A mitologia própria do Homem Aranha torna-se uma minudência, embrenhada que está num universo narrativo e visual que é uma espécie de template, onde caberia qualquer outro super-herói. E o “elemento humano” (os actores) também, porque mesmo que haja aqui vários actores simpáticos (Holland, Michael Keaton, Marisa Tomei), todos eles são, igualmente, “minudências” para a receita de “espectáculo” tecnológico que o filme tem para aviar.
A sensação de déjà vu, de que já vimos este filme 20 vezes, é inevitável, e provavelmente também é desejada — mas o pior é a sensação de que ainda se vai fazer este filme outra 20 vezes mais..