Hamburgo, uma cidade em estado de sítio para a cimeira do G20

Polícia usou ontem canhões de água para dispersar uma pequena amostra dos protestos que estão a ser preparados. Autoridades consideram que 8000 dos manifestantes são potencialmente violentos.

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EPA/ALEXANDER BECHER

Cento e setenta organizações (ONG, sindicatos, think tanks, grupos políticos) marcaram manifestações de protesto para Hamburgo, na Alemanha, onde sexta-feira e sábado se realiza a cimeira do G20, que reúne os líderes das maiores economias do mundo.

A cimeira decorre em Schanzenviertel, uma zona de Hamburgo que é considerada o centro da contra-cultura na Alemanha e com forte implantação da esquerda radical. Schanzenviertel é, agora, uma zona na moda, com bares e restaurantes, mas ainda perdura o ambiente hostil ao grande fórum do capitalismo, disse uma fonte alemã ao Politico — acrescentou que a realização do G20 ali pode ser entendida como uma provocação aos grupos radicais, que se vão sentir obrigados a reagir.

Na madrugada desta quarta-feira, a polícia enfrentou uma pequena amostra do que deverá ser a contestação à presença dos governantes. Cerca de 500 activistas de esquerda, na sua maioria jovens, marcharam em Hamburgo contra o capitalismo e a polícia usou canhões de água para os dispersar.

Segundo o Ministério do Interior, dos muitos milhares de manifestantes que devem sair à rua — com agendas variadas, da anti-globalização à luta contra a corrupção ou em defesa do ambiente —, oito mil são potencialmente violentos.

A revista Der Spiegel adianta que o Exército receia que os manifestantes possam usar drones e tem a funcionar um sistema de radar para detectar objectos no espaço aéreo da cimeira. O Exército recusou confirmar a notícia à Reuters.

A operação de segurança da cimeira começou a ser preparada há meses. A polícia suspeita que os casos de violência que eclodiram no dia 20 de Junho em 12 localidades alemãs tenham sido uma acção concertada de ensaio para os protestos. E na terça-feira, a polícia anunciou ter apreendido, numa casa em Hamburgo, um arsenal que poderia vir a ser usado nos protestos: facas, tacos de baseball e engenhos incendiários.

Segundo a imprensa alemã, está a ser dada particular importância à protecção de Donald Trump, o Presidente dos EUA que participa no seu primeiro G20 desde que chegou à Casa Branca, a 20 de Janeiro. Trump vai ter o seu primeiro encontro com o homólogo russo, Vladimir Putin. Mas outras figuras que são potenciais alvos dos manifestantes estarão presentes, por exemplo o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, criticado pela repressão que dura há quase um ano, desde o golpe de Estado falhado de 15 de Julho.

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