El País arrasa Portugal por causa de Tancos

Artigo do correspondente em Lisboa ridiculariza as condições de segurança no quartel assaltado na passada semana.

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Miguel Manso

O jornal espanhol El País arrasa Portugal na sequência do furto de material de guerra nos Paióis Nacionais de Tancos, ocorrido na passada quarta-feira. Num artigo publicado na edição online, é mesmo questionado se Portugal se manterá entre os mais pacíficos do mundo depois do sucedido.

O artigo assinado pelo correspondente do El País em Lisboa, Javier Martín, intitulado "O assalto ao paiol português: guaridas vazias e soldados sem munição", começa por lembrar que o nosso país é, de facto, um dos mais pacíficos do planeta: “Portugal é tão pacífico que, há uma semana, uns estranhos foram à base militar de Tancos e trouxeram armas no carro sem que ninguém os impedisse".

“O sistema de videovigilância de Tancos, a 120 quilómetros a noroeste de Lisboa, está avariado há cinco anos, os sensores de movimento também não funcionam, as vedações podem ser cortadas com uma tesoura e as 25 torres de vigilância estão de tal forma em perigo de colapso que nenhum militar arrisca a vida para entrar nelas”, acrescenta.

O jornalista lembra ainda que a vigilância aos paióis é feita duas vezes por dia, em que os militares “vão rezando para que ninguém os ataque, porque só se podem defender à paulada”. E acrescenta que, desde 1980, as vigias são "feitas com os carregadores de munições selados” por decisão das chefias militares.

“Se, depois de conhecer isto, o Índice Global da Paz não der o primeiro lugar a Portugal no próximo ano, cometerá uma injustiça”, afirma ainda em tom de sátira.

O artigo acrescenta que as deficiências na base de Tancos não era um segredo: “Os assaltantes, mais de uma dezena, se tivessem lido o Diário da República de 19 de Junho, saberiam que havia um concurso público para reparar o lado norte e a sul [da vedação] no valor de 316 mil euros. Como não tinham dúvidas, entraram pelo lado oeste".

O jornalista afirma ainda que os assaltantes “chegaram num camião, romperam a vedação e foram para os paióis”, embora “só tenham visitado aqueles que tinham o material de que necessitavam (1500 balas, 150 granadas, 40 lança-granadas, explosivos e gatilhos para estes), deixando tudo o resto”.

“Por certo, encontrar os iogurtes nos frigoríficos de sua casa levaria mais tempo. Levavam uma lista de compras, com uma diferença: tudo era grátis. Carregaram à mão pesadas caixas, andando para trás e para a frente para aí uns 500 metros, completaram o serviço e saíram como chegaram. Nem um tiro, nem um alto nem um ai,” concluiu, voltando a salientar a ideia de que Portugal deve ser assim eleito o país mais pacífico do globo.

Notícia editada às 22h36: erro de tradução corrigido no quarto parágrafo, após sugestão do comentador "porto", a quem o autor agradece o alerta.

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