Itália ameaça fechar os portos a barcos provenientes da Líbia

Só nos últimos cinco dias chegaram às fronteiras italianas cerca de 11 mil migrantes da Líbia. Em 2017, já se registaram mais de 1500 mortes.

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Numa operação de salvamento na passada segunda-feira no Mediterrâneo, cinco mil migrantes foram resgatados e três morreram Reuters/STEFANO RELLANDINI

O Governo italiano está a ponderar impedir que os barcos originários da Líbia atraquem nos seus portos, depois de cerca de 11 mil refugiados terem chegado deste país nos últimos cinco dias, noticia o Guardian.

A enorme quantidade de refugiados que chegam às fronteiras italianas fez com que o executivo italiano instruísse o seu embaixador na União Europeia, Maurizio Massari, a discutir o tema na Comissão Europeia e a pedir autorização para rever os procedimentos de concessão de asilo  na UE. Uma das propostas, segundo o diário britânico, é que os privilégios até aqui oferecidos nos portos da Sicília e da Calábria a embarcações que não tragam a bandeira de Itália sejam negados.

Só nos primeiros cinco meses de 2017, mais de 60 mil migrantes chegaram a Itália, sendo que mais de 1500 morreram no Mediterrâneo. O número de pessoas que chegam da Líbia está prestes a ultrapassar os 200 mil registados em todo o ano de 2016. O número total de migrantes que chegaram à Europa durante este ano é, no entanto, menos metade do que no período homólogo do ano passado, isto devido ao acordo entre a União Europeia e a Turquia que aliviou a rota de entrada através da Grécia. Mas a quantidade de pessoas a chegar a Itália aumentou quase 20%, segundo os dados da Organização Internacional para a Migração.

Entre 24 e 27 de Junho, quase 9000 migrantes chegaram aos portos italianos. Só na segunda-feira, mais de cinco mil refugiados foram resgatados na costa da Líbia enquanto se dirigiam para Itália por serviços de emergência, pela Marinha italiana, grupos humanitários e por barcos privados, noticiou a Reuters. Nesta operação, morreram três pessoas.

Várias organizações criminosas têm-se aproveitado da instabilidade na Líbia para aumentarem as suas receitas através do contrabando de pessoas, levando a travessias perigosas e com poucas ou nenhumas condições. A Itália e a União Europeia têm encetado contactos com as autoridades líbias para impedir o alastramento deste negócio, mas a instabilidade e a crise no país tem dificultado a materialização dos esforços.

Na terça-feira, uma organização de investigação com sede em Genebra informou, citada pela Reuters, que centenas de combatentes do Chade e da região do Darfur, no Sudão, têm também a aproveitado o clima de instabilidade na Líbia para tentar construir movimentos rebeldes de forma a desenvolver acções criminosas e lucrativas, tais como o tráfico de armas.

“Este caos atrai combatentes – incluindo forças armadas da oposição – do norte do Chade e Darfur, e já está a ter repercussões no Chade e no Sudão”, diz o relatório de 179 páginas do grupo Small Arms Survey. “O triângulo Chade/Sudão/Líbia tornou-se mais uma vez o centro de um sistema de conflitos regional”, lê-se ainda no documento.

O Chade e o Sudão apoiam facções armadas opositoras na Líbia que têm lutado pelo poder desde 2014. Este conflito tem criado Governos rivais na capital Trípoli e no leste da Líbia. Por sua vez, os grupos de rebeldes originários do Chade e do Sudão aliaram-se, na sua maioria, às facções rivais dos seus respectivos Governos, criando assim complexo e obscuro esquema de alianças e de conflitos.

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