Governo mostra abertura à esquerda, mas deixa direita insatisfeita

Governo diz que só o PSD não compareceu nas reuniões convocadas por SMS.

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António Costa recebeu PS, PCP, BE, PEV e CDS Daniel Rocha

As reuniões bilaterais que hoje juntaram BE, PCP, PEV e CDS e António Costa na sua residência oficial, em São Bento, serviram para que o Governo mostrasse abertura às propostas da esquerda, mas deixaram a direita insatisfeita. Sobretudo do PSD, que se queixou de não ter sido convidado. Gabinete do primeiro-ministro esclarece que foram enviados convites a todos… por SMS.

PCP entrega pacote O PCP foi a São Bento entregar ao primeiro-ministro um pacote de 38 medidas com soluções para os incêndios florestais e afirmar o seu desacordo com a reforma das florestas que o Governo quer discutir no Parlamento até ao dia 19 de Julho. Em conferência de imprensa, os comunistas afirmaram que "se a reforma das florestas não está concretizada não é por qualquer capricho" do PCP. "Uma boa parte das medidas [a implementar ao nível da prevenção] não precisa de nova legislação, mas sim de meios humanos e recursos financeiros, alguns bastante avultados", disse João Frazão da Comissão Política. "Esta reunião com o primeiro-ministro foi profícua. Demos-lhe conta do conjunto de propostas que temos. Naturalmente, o primeiro-ministro ficou de verificar qual a possibilidade e capacidade de acomodar algumas destas propostas", disse ainda.

Bloco anuncia abertura Fonte bloquista assegurou que da "longa reunião" entre BE e primeiro-ministro surgiu "abertura" para acolher ideias do partido. "Há abertura do Governo para propostas do Bloco que estão nos nossos três projectos de lei na comissão" de Agricultura e Mar, indicou à Lusa fonte bloquista, que falou depois de uma reunião de mais de duas horas com o Governo. O BE tem, actualmente, três projectos de lei em debate na comissão parlamentar de Agricultura e Mar: um para a criação do banco público de terras agrícolas, outro que pede a constituição de unidades de gestão florestal e um terceiro que "estabelece um regime jurídico para as acções de arborização, rearborização ou adensamento florestal".

PS aposta em consenso Júlia Rodrigues, deputada do PS, assumiu-se ontem confiante na possibilidade de se alcançar na Assembleia da República um amplo consenso político em torno de matérias como a reforma das florestas e a prevenção dos incêndios. A posição foi assumida pela deputada socialista após ter estado reunida em representação ao PS com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento. "Julgo que [a reunião] correu muito bem. Estamos prontos para abraçar a reforma das florestas e chegar a um consenso entre todos os grupos parlamentares para que possamos dar uma resposta ao país", disse. Interrogada se esse consenso político está garantido no parlamento, Júlia Rodrigues respondeu: "O consenso vai caminhando".

PEV contra eucaliptos Do lado do Partido Ecologista "Os Verdes", Manuela Cunha saiu do encontro com o primeiro-ministro a dizer que o Governo esteve “aberto” propostas e que é preciso "travar a eucaliptização" de Portugal para prevenir riscos de incêndios florestais. "Hoje, o Governo, o senhor primeiro-ministro mostrou-se aberto a novas propostas de 'Os Verdes' para serem discutidas e aprovadas para atingir as metas que acabo de falar. Isto é: restringir a mancha e expansão [do eucalipto], reordenar, criar áreas-tampão e promover e incentivar outro tipo de espécies florestais", congratulou-se Manuela Cunha.

CDS e a investigação A líder do CDS não quis revelar o teor da conversa com o primeiro-ministro, mas acabou por admitir que a investigação ao que se passou em Pedrógão Grande não deve ficar centrada na comissão técnica independente proposta pelo PSD. “[A comissão] não prejudica qualquer acção do Governo”, afirmou Assunção Cristas à margem de um almoço no International Club of Portugal. No CDS crescem os receios de que a comissão técnica possa esgotar em si toda a investigação sobre os incêndios na zona centro do país. Como a comissão será indicada pelo Parlamento permitirá ao Governo afastar de si a responsabilidade de apurar o que se passou. Por outro lado, há quem lembre que a investigação pode estar condicionada à partida já que há informação que não deverá estar acessível por se encontrar em segredo de justiça.

PSD não recebeu convite Quem não ficou satisfeito com a “ronda de audições” fora da agenda oficial do primeiro-ministro, o PSD qualificou de incompreensível o facto de o partido não ter sido convidado para falar sobre a floresta. “O PSD não recebeu qualquer convite”, disse o deputado Fernando Negrão aos jornalistas, no Parlamento, numa declaração em que criticou o Governo por ainda estar a pedir auditorias “quando já deveria estar a dar respostas”. Reagindo a Fernando Negrão, o Governo disse que convidou todos os partidos para as reuniões internas de trabalho e só o PSD não respondeu. "Todos os partidos foram convidados da mesma forma para as reuniões internas de trabalho com o primeiro-ministro: Através de mensagens de telemóvel", contrapôs fonte do gabinete de António Costa.

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