O estado das albufeiras é preocupante, mas a Arrábida recebe nota positiva

Os dados são do Life, o programa comunitário que financia projectos dedicados ao ambiente, à conservação da natureza e ao combate das alterações climáticas.

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Bruno Simões Castanheira

O estado de conservação das albufeiras nacionais é “desfavorável-mau”, tal como em França e na Grécia. A poluição das águas (especialmente superficiais) e sua alteração química são a justificação para esta classificação, de acordo com os dados divulgados na revista deste mês do programa Life-Natureza

A Espanha e a Malta foi atribuída a classificação “desfavorável-inadequado” e o melhor cenário está em Itália – o estado-membro que alcançou o “favorável” e possui as melhores perspectivas.

As principais ameaças aos ecossistemas costeiros são as actividades humanas associadas a crescentes densidades populacionais, “por vezes com impactos irreversíveis nas espécies e nos habitats”, sendo que 73% dos habitats da costa europeia se encontram num estado “mau” ou “inadequado”.

Actualmente, quatro em cada 10 europeus não vive a mais de 50 quilómetros da costa e as áreas costeiras continuam a ser o destino de férias de eleição para mais de metade dos europeus. Além disso, estima-se que 40% da riqueza comunitária tenha origem na zona litoral, concretamente, do sector das pescas, extracção de recursos, transportes ou energias renováveis.

Prevê-se que as alterações climáticas tornem a preservação das albufeiras, estuários, salinas, dunas, recifes ou flora marinha mais desafiante. Segundo Humberto Rosa, director da Capital Natural da Direcção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia, face à importância que a região costeira tem na Europa, torna-se crucial que o desenvolvimento económico não ponha em causa a protecção ambiental dos ecossistemas, tanto mais porque a preservação dos valores naturais tem tantos benefícios económicos como ambientais.

Um caso de sucesso é o do Parque Marinho Luiz Saldanha, na Arrábida, onde se localiza um importante número de espécies raras em Portugal. Nas últimas décadas, este tem sido um dos ecossistemas mais afectados pela acção humana devido ao desenvolvimento urbano costeiro, pesca excessiva e poluição, mas o projecto Biomares, iniciado em 2007, tem conseguido reverter a sobre-exploração das espécies e reduzir os danos no solo marítimo. Na verdade, o mapeamento detalhado da zona permitiu informar a indústria piscícola e os donos de embarcações de recreio acerca dos melhores locais para pescar ou ancorar os barcos sem danificar o habitat.

Desde 2014, está em curso o Programa para o Ambiente e a Acção Climática (Life) e o objectivo é “contribuir para o desenvolvimento sustentável e para a concretização dos objectivos e metas da Estratégia Europa 2020”.

Texto editado por Ana Fernandes

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