A ilustradora Fátima Afonso venceu a 21.ª edição do Prémio Nacional de Ilustração com o livro Sonho com asas, anunciou esta quinta-feira a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). Reunido esta quinta-feira de manhã, o júri decidiu atribuir o prémio a Fátima Afonso pelo conjunto de ilustrações do livro Sonho com asas, com texto de Teresa Marques, editado em 2016 pela Kalandraka.
As duas menções especiais foram atribuídas a Catarina Sobral, pela ilustração da obra Tão, tão grande, com texto da própria, dada à estampa pela Orfeu Negro, e a Tiago Albuquerque e Nádia Albuquerque, pelo trabalho realizado em Sou o lince ibérico, que tem texto de Maria João Freitas e foi editado pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Relativamente à atribuição do prémio, o júri disse que Sonho com asas contém imagens de "enorme valor poético e carga metafórica".
Ao referir que o livro está "repleto de pormenores narrativos que convidam a uma leitura pausada e em profundidade", o júri sublinha ainda que a ilustradora mobiliza uma "paleta em tons pastel que viajam entre o ocre do sol e os azuis do céu e do mar". "Fátima Afonso recorre a um conjunto de estratégias de composição gráfica que leva o leitor a tirar os sapatos e a ganhar asas para se elevar no universo dos sonhos", acrescenta o júri.
Nascida em Torres Novas em 1962, Fátima Afonso é licenciada em pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, é ilustradora e professora de Artes Visuais. A partir de 2000 dedicou-se à ilustração de livros para crianças, contando actualmente com mais de 20 livros publicados, de acordo com a biografia disponibilizada pela DGLAB.
Em 2012 integrou o grupo de ilustradores que representou Portugal na exposição Como as Cerejas, apresentada na Feira do Livro Infantil de Bolonha quando Portugal foi país-tema. Dois anos mais tarde, o projecto Sonho com Asas, que viria a ser publicado como livro, valeu-lhe o 2.º Prémio do VII Prémio Internacional Compostela de Álbuns Ilustrados.
Sobre as ilustradoras distinguidas com menções especiais, o júri refere que as ilustrações de Catarina Sobral — nascida em Coimbra, em 1985 — se mantêm fiel ao seu estilo e que a sua paleta cromática "cria um ambiente dramático para uma situação igualmente dramática e calamitosa de metamorfose de um menino que acordou um dia transformado num gigantesco hipopótamo".
"O objecto livro cria espaços onde a imagem e o texto coexistem sem fronteiras, formando um todo performativo", acrescenta. No que respeita a Eu sou o lince-ibérico, o júri salientou a importância do investimento nas obras de divulgação de cariz científico dirigidas aos mais jovens, não descurando uma componente estética. "Os ilustradores [Tiago Albuquerque e Nádia Albuquerque] recuperam o uso do poster como tributo à adolescência, dando nova função à sobrecapa", frisam.
O júri foi constituído por Susana Lopes Silva, da Escola Superior de Educação do Porto, Rita Pimenta, jornalista e autora do blogue Letra Pequena, e Vera Oliveira, técnica superior da DGLAB. Nesta edição do Prémio Nacional de Ilustração foram avaliadas 82 obras publicadas por 33 editoras e ainda duas edições de autor, com ilustrações de 66 artistas e textos de 65 autores.
O Prémio Nacional de Ilustração foi criado em 1996, é atribuído pela DGLAB e visa promover o reconhecimento da ilustração original e de qualidade nos livros para crianças e jovens. O galardão é atribuído anualmente e distingue um ilustrador pelo conjunto de ilustrações originais publicadas numa obra editada no ano anterior, podendo distinguir dois ilustradores através da atribuição de duas menções especiais.
O prémio tem o montante de 5 mil euros, acrescido de uma comparticipação de 1500 euros destinada a apoiar uma deslocação à Feira Internacional do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha. As menções especiais, no valor de 1500 euros cada, são expressamente destinadas a comparticipar duas deslocações a esta feira.
O júri salientou ainda as edições da Associação para a Promoção Cultural da Criança pelo seu esforço de diversidade temática e plástica fundamental para a formação de novos públicos.