CDS-PP diz que ministro da Educação se assumiu como incapaz na greve aos exames
O ministro da Educação justificou a ausência de acordo com constrangimentos que ultrapassam o âmbito de acção do Ministério da Educação.
A deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa congratulou-se nesta quarta-feira pelo facto de terem tido lugar exames, apesar da greve, lamentando, contudo, que o ministro da Educação se tenha assumido "como incapaz" neste processo.
"Infelizmente, não nos surpreendem as declarações do senhor ministro da Educação, que disse que as negociações com os sindicatos tinham extravasado a sua competência. Concordo, no sentido em que não tem competência para lidar com esta situação, mas é lamentável que o ministro da tutela se esteja a assumir como incapaz", afirmou à Lusa Ana Rita Bessa.
A deputada centrista remeteu para um momento posterior um questionamento a Tiago Brandão Rodrigues sobre "as infelizes declarações que prestou", ressalvando que esta não é a altura adequada, referindo-se ao momento que o país atravessa, após a tragédia de Pedrogão Grande e com incêndios a deflagrar.
Na terça-feira, após reunir com os sindicatos, o ministro da Educação justificou a ausência de acordo com constrangimentos que ultrapassam o âmbito de acção do Ministério da Educação (ME). "De forma importante pudemos dar passos, mas de forma responsável não foi possível ir mais longe", disse Tiago Brandão Rodrigues.
Ana Rita Bessa congratulou-se "pelo facto de os exames e provas de aferição terem tido lugar de forma tranquila, por causa dos serviços mínimos, devido à decisão do governo anterior de incluir os professores nos serviços mínimos, apesar do voto contra do PS".
"Queremos também lamentar o facto de a greve não ter sido desconvocada pelos sindicatos, tendo em conta o momento de luto particular, com uma sessão na Assembleia da República, o minuto do silêncio, e o funeral do bombeiro que faleceu, o que mobilizou o olhar e o coração de todo o país", defendeu.
Escolas fechadas
Os professores fizeram greve nesta quarta-feira, para a qual foram decretados serviços mínimos, em dia de exames nacionais do ensino secundário e provas de aferição do ensino básico.
A paralisação foi convocada pelas principais estruturas sindicais de docentes, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), afeta à CGTP-In, e a Federação Nacional da Educação, afecta à UGT.
Num primeiro balanço, as estruturas sindicais referiram que centenas de escolas encerraram em todo o país.
Os sindicatos decidiram avançar com a greve, após sucessivas reuniões inconclusivas com o Ministério da Educação, inclusive na véspera da paralisação, apresentando como reivindicações a abertura de concursos de vinculação extraordinária para docentes contratados, um regime especial de aposentação, o descongelamento de carreiras e uma redefinição dos horários de trabalho.
O Ministério da Educação assegurou estarem reunidas as condições para que os exames nacionais e as provas de aferição se realizem dentro da "necessária normalidade" com a fixação dos serviços mínimos.