Dona da PT processada por accionistas da SFR em França
O fundo de alto risco CIAM - pequeno accionista da francesa SFR - acusa a Altice de prejudicar o resto dos accionistas da operadora com algumas das decisões tomadas por Patrick Draghi. E já recorreu aos tribunais.
O hedge fund CIAM formalizou, sexta-feira, uma queixa num tribunal criminal de Paris contra a Altice por considerar que a dona da Portugal Telecom está a usar de forma indevida os activos da SFR. Em causa está uma multa do regulador francês da concorrência, uma decisão sobre as instalações da SFR e a mudança da marca para uma identidade global.
"Queremos que o tribunal reconheça que tem havido uma utlização indevida dos activos da empresa em prejuízo dos pequenos accionistas", explicou uma das fundadoras do fundo activista, Anne-Sophie d'Andiau, citada pela Reuters.
A CIAM detém menos de 1% da operadora SFR, contra os mais de 90% controlados pela Altice.
Fonte oficial da SFR, que diz ter tomado conhecimento do tema pela imprensa, sublinhou à Reuters que "as decisões que estão alegadamente mencionadas foram tomadas de acordo com a lei, respeitando as respectivas regras de governance".
Em causa está, por um lado, o facto de o regulador francês da concorrência ter aplicado uma multa de 80 milhões de euros pelo facto de a Numericable, da Altice, ter assumido a gestão da SFR antes de as autoridades da concorrência terem aprovado o negócio. A CIAM queixa-se que o custo devia ter sido partilhado entre a SFR e a Altice e que esta não terá pago a parte que devia.
Por outro lado, os pequenos accionistas também reclamam da decisão da gestão de desistir de um contrato de arrendamento de 12 anos, de forma antecipada, para mudar os escritórios da operadora para um edifício no centro de Paris, mais caro, mas detido pelo fundador da Altice, Patrick Drahi, através de uma outra empresa.
De acordo com a CIAM, esta mudança - que deverá estar concluída em meados do próximo ano e que visa colocar nas mesmas instalações toda a actividade da SFR e da Altice - representará um aumento da renda por metro quadrado de 490 para 725 euros, por ano.
Finalmente, os accionistas denominados activistas queixam-se ainda da mudança da marca SFR para a "desconhecida" Altice, uma decisão que afectará todas as empresas do grupo, inclusive a Portugal Telecom e a Meo.