MoMA “abre” os arquivos de Frank Lloyd Wright
Os 150 anos do nascimento do arquitecto do Museu Guggenheim de Nova Iorque são o pretexto para uma exposição antológica que ficará patente até 1 de Outubro.
Sabe-se que Frank Lloyd Wright (1867-1959) não morria de amores por Nova Iorque, mas a Big Apple coloca-se aos seus pés, quando passam 150 anos sobre o nascimento daquele que, a meio do século XX, era considerado “o mais famoso arquitecto do mundo”.
Frank Lloyd Wright at 150: Unpacking the archive (FLW aos 150: abrindo o arquivo) é o título da exposição que foi oficialmente inaugurada a 8 de Junho (dia do seu nascimento) no Museum of Modern Art (MoMA), e abriu ao público esta segunda-feira, 12, podendo ser visitada até ao próximo dia 1 de Outubro.
E se o arquitecto, nascido no Wisconsin e formado em Chicago, via em Nova Iorque uma cidade sem planeamento, antes um lugar de “corrida às rendas” e “um grande monumento ao poder do dinheiro e da ganância”, a verdade é que o seu nome está associado a um dos seus edifícios mais emblemáticos, o Museu Guggenheim (1956-59), uma das suas últimas obras, e cuja inauguração aconteceu seis meses após a morte de FLW.
Mas coube agora ao MoMA acolher aquela que será a iniciativa-âncora de um vasto programa que, a pretexto do 150.º aniversário, vai celebrar a obra do arquitecto por todo o país. Comissariada por Barry Bergdoll, curador do departamento de Arquitectura deste museu e professor de História da Arte na Universidade de Columbia, a exposição estende-se pelas salas do terceiro piso do renovado edifício Goodwin e Stone, e é organizada em 12 secções.
Ao todo, reúne mais de 400 peças evocando outros tantos projectos e trabalhos que FLW realizou entre a década de 1890 e os anos 50. Contém, naturalmente, desenhos, projectos e maquetas de arquitectura, mas também fragmentos de edifícios, peças de mobiliário e têxteis; e ainda filmes, emissões de televisão, recortes de imprensa, pinturas, fotografias e cadernos de notas, seleccionados a partir dos muitos milhares de peças guardadas nos próprios arquivos do MoMA e da Universidade de Columbia, mas principalmente dos Frank Lloyd Wright Foundation Archives.
Ainda que manifeste uma perspectiva antológica, Frank Lloyd Wright at 150: Unpacking the archive “não é exactamente uma retrospectiva”, é antes uma espécie de “montra” com doze “mini-exposições”, assim a descreve o jornalista do New York Times Michael Kimmelman. Cada uma delas organiza-se em volta de um objecto ou de um conjunto deles. Na sala principal, estão os seus projectos mais famosos, sejam os que foram construídos como os nunca realizados. Entre os primeiros, há curiosidades, como a de descobrir, através de desenhos originais, que, para as paredes (actualmente) brancas do Museu Guggenheim, FLW admitiu uma multiplicidade de outras cores, do beije ao cor-de-rosa, do laranja ao vermelho cherokee. Dos projectos não concretizados, o mais icónico sendo sem dúvida o arranha-céus com uma milha (1.600m) de altura que, em 1956, já perto dos 90 anos, imaginou para o Illinois…
“Passados 60 anos sobre a sua morte, FLW permanece um homem para o nosso tempo. Muito consciente da importância da imagem, ele lutou para se manter na vanguarda da arquitectura através do controlo do espaço mediático em constante evolução”, diz Michael Kimmelman, lembrando a sua longevidade criativa, mas também as suas aparições televisivas na década de 50.