Sonae e Jerónimo Martins no bom caminho na eliminação de gases poluentes dos frigoríficos

Empresas estão a dar passos para abandonar a utilização de gases fluorados.

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DRO DANIEL ROCHA

As empresas Sonae e Jerónimo Martins "estão no bom caminho" para deixar de utilizar gases poluentes nas arcas e frigoríficos dos super e hipermercados, enquanto a Auchan está menos adiantada no processo, concluiu uma análise europeia divulgada esta quinta-feira.

"Há empresas que, a nível europeu, se destacaram na sua actuação, as nacionais estão num lugar intermédio, e principalmente a Sonae e a Jerónimo Martins, estão no bom caminho, e a Auchan está numa fase mais inicial de transição", disse hoje à agência Lusa Filipa Alves, da Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero.

O estudo da Environmental Investigation Agency, uma organização internacional independente de defesa do ambiente, com sede em Londres, que teve a participação da Zero para as empresas portuguesas, avaliou o processo de substituição dos hidrofluorcarbonetos (HFC), gases com um efeito de estufa centenas a milhares de vezes mais elevado que o dióxido de carbono, nos super e hipermercados, abrangendo 22 empresas de 37 países.

Os HFC são habitualmente usados para refrigeração, ar condicionado, protecção contra incêndios, aerossóis e espumas, e um regulamento europeu estabelece a sua redução, estando definido que, em 2018, a disponibilidade no mercado será diminuída em 48%.

"Em Portugal, responderam as três grandes distribuidoras do país, a Sonae a Jerónimo Martins e a Auchan, com informações acerca do que têm estado a fazer neste segmento", explicou Filipa Alves, lembrando que já existe forma de substituir aqueles gases poluentes contribuindo para a luta contra as alterações climáticas.

As empresas "estão efectivamente a dar passos para abandonar a utilização destes gases fluorados", referiu a ambientalista.

Os supermercados, acrescentou, já avançaram outras medidas, como a colocação de portas nas arcas e frigoríficos, para melhorar a eficiência energética.

Os países do sul tinham um desafio maior na transição de tecnologia porque, há alguns anos, as alternativas encontradas não funcionavam da mesma forma, na época do ano em que as temperaturas são mais elevadas, mas actualmente já existem soluções.

A redução da quota de mercado destes gases vai ser de "quase 50% em termos reais e poderá haver uma situação de escassez de disponibilidade destes gases face à procura", o que eleva o seu preço, representando uma despesa acrescida para as empresas, e poderá fomentar o comércio ilegal, especificou Filipa Alves.

A adopção de tecnologias de arrefecimento amigas do clima "está a aumentar na Europa, mas algumas empresas de distribuição que estão a tardar em adopta-las vão ter um grande choque financeiro quando entrarem em vigor os cortes na comercialização dos HFC", alerta a Zero.

Na Europa, o estudo destaca oito empresas de distribuição como os líderes verdes do arrefecimento – Albert Heijn, Aldi Süd, Carrefour, Kaufland, Metro Cash & Carry, Migros, Tesco e Waitrose.

No nível intermédio estão a Marks and Spencer, Jerónimo Martins, Real, Rewe Germany e Sonae, enquanto na retaguarda estão Aldi Nord, Delhaize Belgium, o retalhista espanhol Dia, a Auchan Portugal e o retalhista irlandês Musgrave.

O relatório apela para que os fabricantes invistam em outras tecnologias de refrigeração para supermercados e recomenda aos governos que apoiem financeiramente a transição das empresas de menores dimensões.