Reino Unido: May fecha acordo com unionistas da Irlanda do Norte

Acordo não é consensual entre os conservadores, onde grassa um conflito interno. Corbyn afirma que ainda pode vir a ser primeiro-ministro.

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Protestos contra o acordo dos conservadores com os unionistas irlandeses LUSA/ANDY RAIN

A líder do Partido Conservador britânico, Theresa May, fechou este sábado um acordo de princípio, mas não de coligação, com o Partido Democrático Unionista (DUP), para suportar um Governo minoritário depois de ter perdido a maioria absoluta nas eleições legislativas de quinta-feira. O acordo entre os dois partidos é aquilo a que é chamado, no Reino Unido, de confidence and supply – quando um partido sem maioria absoluta governa tendo um acordo com outro partido mais pequeno, sem presença no Executivo.

Na noite eleitoral de quinta-feira, May ficou a oito assentos parlamentares de conseguir a maioria absoluta (os conservadores alcançaram um total de 318 dos 650 lugares em Westminster).

"Damos as boas-vindas a este compromisso, que pode dar a todo o país a estabilidade e a previsibilidade que se requer durante e depois do 'Brexit'", disse um porta-voz de May, depois de anunciar "o esboço de um acordo de princípio".

"Os detalhes serão colocados em cima da mesa para dialogarmos e chegarmos a um acordo na reunião do Governo da próxima segunda-feira", acrescentou.

O anúncio oficial do acordo com os unionistas surge no mesmo dia em que os dois chefes de gabinete da primeira-ministra britânica – Nick Timothy e Fiona Hills – demitiram-se, tal como pedido pelo partido, após o descalabro conservador nas eleições antecipadas convocadas por May. O conflito interno não fica por aí: o apoio dos dez deputados unionistas da Irlanda do Norte não é consensual dentro do próprio Partido Conservador, já que o DUP é considerado ainda mais conservador do que os próprios tories — opõe-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao aborto e tem revelado cepticismo em relação ao problem das alterações climáticas, por exemplo.

O líder dos Liberais Democratas, Tim Farron, disse que May deveria explicar "imediatamente" quais são os contornos deste acordo, já que “as acções deste Governo vão ter implicações profundas nas negociações do ‘Brexit’” e no futuro do Reino Unido.

Ao mesmo tempo, e perante a convulsão no Partido Conservador, o líder dos trabalhistas Jeremy Corbyn afirmou ao jornal Sunday Mirror que pode “ainda ser primeiro-ministro”.

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