China rejeita libertação de activistas que investigavam fornecedor da marca de Ivanka Trump

Três colaboradores de uma ONG norte-americana investigavam denúncias de abusos numa fábrica chinesa.

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Caso sejam declarados culpados, os activistas podem enfrentar pena de prisão até dois anos. LUSA/ANDREW HARRER / POOL

O Governo chinês rejeitou nesta terça-feira um pedido do Departamento de Estado dos EUA para a libertação dos três activistas que investigavam as condições na Huajian, uma empresa chinesa de calçado que fornece, entre outros clientes, a marca de Ivanka Trump, filha do Presidente Donald Trump. Uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, justificou que outras nações “não têm o direito de interferir com os órgãos de soberania” de Pequim.

A responsável afirma que os activistas, actualmente detidos na cidade de Guangzhou, na província de Jiangxi, são suspeitos de recorrerem ilegalmente a dispositivos de gravação, como “câmaras, aparelhos de áudio, entre outros dispositivos de monotorização”, segundo o The Guardian

O pedido de Washington tinha sido feito na segunda-feira. Alicia Edwards, porta-voz do Departamento do Estado, pediu fosse assegurada a “protecção judicial e o julgamento justo” dos arguidos. "Os activistas são cruciais para ajudar as empresas americanas a entenderam as condições laborais” no país, justificou. 

Os três detidos trabalhavam para a organização não-governamental China Labor Watch (CLW), com sede nos Estados Unidos, e investigavam denúncias de cargas horárias excessivas, baixos salários e abusos verbais.

Segundo o Independent, a organização não-governamental terá escrito, em Abril, uma carta a Ivanka a denunciar os abusos. Na missiva, relatava-se que os funcionários da fábrica eram forçados a trabalhar 12 horas por dia, seis dias por semana, por salários mensais de 324 euros.

Após a detenção dos investigadores, o acosso das autoridades chinesas tem agora como alvo os seus familiares. Deng Guilian, mulher de Hua Haifeng – um dos detidos – afirmou à Associated Press que foi interrogada duas vezes pela polícia chinesa, que analisou os conteúdos do seu telemóvel e a proibiu de contactar a imprensa estrangeira.

De acordo com Nicholas Bequelim, director regional da Amnistia Internacional para o leste asiático, restam às autoridades chinesas 37 dias para formalizar uma acusação. Caso sejam declarados culpados, os activistas enfrentam até dois anos de prisão.

Texto editado por Pedro Guerreiro

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