Costa mantém confiança em Pereira Gomes para secretário-geral do SIRP
Primeiro-ministro defendeu, por outro lado, a necessidade de aguardar a audição de José Júlio Pereira Gomes no Parlamento para o esclarecimento de questões que os deputados queiram colocar.
O primeiro-ministro, António Costa, manifestou nesta sexta-feira confiança no diplomata José Júlio Pereira Gomes para o desempenho das funções de secretário-geral das "secretas", explicando que foi isso que o levou a convidá-lo para o cargo.
"Da minha parte, a confiança que tenho no embaixador José Júlio Pereira Gomes para o desempenho das funções foi o que me levou a convidá-lo" para o cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), sublinhou o líder do executivo aos jornalistas, à margem da inauguração do Hotel Pura Lã - Wool Valley Hotel & SPA, na Covilhã.
António Costa defendeu, por outro lado, a necessidade de aguardar a audição de José Júlio Pereira Gomes no Parlamento para o esclarecimento de questões que os deputados considerem oportuno colocar. "Em primeiro lugar, devemos respeitar o funcionamento das instituições. Neste momento está em curso a audição parlamentar e nessa ocasião o embaixador José Júlio Pereira Gomes terá a oportunidade de esclarecer tudo o que os deputados entendam que deve ser esclarecido", afirmou.
António Costa foi questionado se admitia reconsiderar a confiança no chefe das secretas portuguesas, depois de a eurodeputada socialista Ana Gomes ter considerado que este "não inspira confiança", em artigo publicado no DN, pelo facto de o agora indigitado secretário-geral do SIRP ter abandonado Timor-Leste após o referendo de 1999 em Timor-Leste.
O PÚBLICO noticiou nesta sexta-feira a apreensão do PSD com a escolha de Pereira Gomes para chefe do SIRP.
Ao DN, Ana Gomes assumiu que ficou "muito surpreendida e apreensiva", porque, "não estando em causa o percurso profissional, falta a Pereira Gomes o perfil psicológico". "Tenho dúvidas de que o embaixador Pereira Gomes tenha capacidade para aguentar situações de grande pressão. Não inspira confiança e autoridade junto dos seus subordinados nos serviços de informações", referiu a eurodeputada, adiantando que já informou "quem de direito" do porquê da sua "apreensão".
O primeiro-ministro adiantou que desde a data dos acontecimentos em Timor até hoje, José Júlio Pereira Gomes exerceu a sua carreira de diplomata e foi sendo sucessivamente promovido por três vezes e por vários Governos. "O que portanto, indicia que não houve nenhum comportamento que tivesse inibido a evolução da sua carreira normal ao longo dos anos", sustentou.
"O Governo escolhe e indigita uma personalidade e é sujeita a audição parlamentar para que os deputados possam ver se tem condições, competência e perfil para a função e em função disso o Governo procede à nomeação", recordou.
António Costa explicou que, tendo falado com vários responsáveis políticos e governativos que exerciam funções à data e com oficiais da PSP que estavam em serviço em Timor nessa altura e com vários dos diplomatas que intervieram no processo, não tem nenhuma razão para alterar a posição que tomou.
"Como disse, devemos respeitar as instituições (...). A minha parte foi feita, foi escolher uma personalidade que tenha condições para exercer as funções de secretário-geral do Serviço de Informações da República Portuguesa. Por isso, indigitei-o e agora é aguardar que a Assembleia da República proceda à audição e que o diplomata José Júlio Pereira Gomes possa esclarecer a sua versão dos acontecimentos", concluiu.