Musk ameaça romper com Trump, Nova Iorque rebela-se, Bruxelas promete luta
Começam a multiplicar-se a reacções à provável retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
O multimilionário de origem sul-africana Elon Musk, fundador da Tesla e da Space-X, afirma que renunciará ao lugar em conselhos consultivos da Casa Branca se se confirmar a retirada norte-americana do Acordo de Paris. “Não terei outra opção senão abandonar os conselhos”, escreveu no Twitter. “Fiz tudo o que pude para aconselhar directamente o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump], através de outros na Casa Branca e nos conselhos, para continuarmos [vinculados ao acordo]”, declarou Musk.
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O multimilionário de origem sul-africana Elon Musk, fundador da Tesla e da Space-X, afirma que renunciará ao lugar em conselhos consultivos da Casa Branca se se confirmar a retirada norte-americana do Acordo de Paris. “Não terei outra opção senão abandonar os conselhos”, escreveu no Twitter. “Fiz tudo o que pude para aconselhar directamente o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump], através de outros na Casa Branca e nos conselhos, para continuarmos [vinculados ao acordo]”, declarou Musk.
A notícia que Trump já terá tomado uma decisão sobre a desvinculação norte-americana surgiu esta quarta-feira na imprensa dos Estados Unidos, citando fontes anónimas da Administração republicana. A informação ainda não foi confirmada oficialmente, mas Trump prometeu um anúncio para breve.
Para além de Musk, são esperadas mais reacções de líderes económicos, depois de presidentes executivos de grandes companhias como a Dow Chemical, a ExxonMobil e a Unilever terem recentemente repetido apelos à manutenção de Washington no Acordo de Paris.
Na frente política interna, a possível decisão de Trump enfrenta a expectável oposição do campo democrata. O antigo secretário de Estado e ex-candidato presidencial John Kerry instou o chefe de Estado a pensar em “milhares de milhões de netos” que “terão de viver com a sua decisão”.
Bernie Sanders, senador do Vermont, candidato nas primárias democratas de 2016 e um das vozes mais destacadas da contestação a Trump, afirmou que “se o Presidente retirar os EUA do acordo do clima de Paris, será um erro terrível”. Outro nome da ala mais à esquerda do Partido Democrata, Elizabeth Warren, associou a provável decisão de Trump à suposta cumplicidade do Presidente com os grandes grupos empresariais do petróleo e do carvão.
Há também um anúncio de rebeldia vindo de Nova Iorque. O autarca Bill de Blasio, também democrata, sugere que a maior cidade dos Estados Unidos não seguirá a decisão da Casa Branca. “Planeio assinar um decreto para manter o compromisso da cidade de Nova Iorque com o Acordo de Paris”, escreveu no Twitter, qualificando ainda de “inconsciente” a provável decisão de Trump.
Mais tarde, numa conferência de imprensa, De Blasio comparou a retirada de Paris a um “punhal apontado ao coração de Nova Iorque”, aludindo à localização costeira da cidade, potencialmente vulnerável à subida do nível do mar.
Também o mayor de Boston, Marty Walsh, convocou uma conferência a instar Trump a não romper com Paris. Para já, sem ameaça de rebelião.
De regresso ao Twitter, a antiga embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas na era Obama, Susan Rice, foi tão ou mais contundente que De Blasio: “O efeito cumulativo das políticas de Trump, culminado pela sua decisão tola e trágica de Paris equivale à capitulação da liderança global da América. Vergonha!”
Na frente externa, Trump enfrenta para já a oposição da Comissão Europeia. Jean-Claude Juncker, presidente da CE, afirmou que o abandono imediato do acordo de Paris por parte dos norte-americanos não é possível.
“O dever da Europa é o de dizer que isto não é possível”, disse em Berlim, citado pela Reuters, durante uma conferência com alunos universitários organizada por uma associação patronal germânica. “Os americanos não podem simplesmente abandonar o acordo de protecção do clima. O senhor Trump acredita nisso porque não conhece os detalhes”, afirmou, apontando que uma eventual desvinculação dos EUA levaria vários anos.
O comissário europeu para a energia e as questões climáticas, o espanhol Miguel Arias Cañete, partilhou entretanto no Twitter uma notícia do Financial Times a dar conta do reforço do compromisso de europeus e chineses com o combate às alterações climáticas, expresso num comunicado que antecipa a cimeira sino-europeia de quinta e sexta-feira em Bruxelas . “O mundo pode contar com a Europa na liderança global do clima. Juntos resistiremos por Paris, defenderemos Paris”, comentou.
Maros Sefcovic, vice-presidente da CE, citado pela Reuters, diz esperar “uma reacção muito mais forte dos parceiros mundo fora, de África, da Ásia e da China”, à anunciada retirada dos EUA.