A festa voltou a ser “encarnada”
Benfica conquistou a “dobradinha” pela 11.ª vez na história, erguendo a Taça de Portugal duas semanas depois de garantir o título de campeão nacional. Jiménez e Salvio fizeram os golos frente ao V. Guimarães.
Pela segunda vez em duas semanas, o Benfica bateu o V. Guimarães e celebrou a conquista de um troféu. Mas não foi uma repetição da história: se, na penúltima jornada da Liga NOS, os “encarnados” golearam por 5-0 para celebrarem o quarto título consecutivo de campeão nacional, neste domingo, na final da Taça de Portugal, a equipa de Rui Vitória não contou com facilidades para impor-se pela margem mínima (2-1). Os golos do Benfica surgiram no início da segunda parte, por Raúl Jiménez e Salvio, com a resposta vimaranense a caber a Zungu, na recta final do encontro. Já demasiado tarde para impedir o emblema da Luz de completar a 11.ª “dobradinha”.
A festa voltou a fazer-se em tons de vermelho, tal como acontecera há duas semanas, e também no início da época, quando a equipa de Rui Vitória conquistou a Supertaça. O treinador que, há quatro anos, conduziu o V. Guimarães ao triunfo sobre o Benfica na final da Taça, desta vez garantiu que o troféu não escaparia aos “encarnados”. Numa tarde de chuva intensa no Jamor, não houve dilúvio de golos e a luta sobrepôs-se à arte. Mas a eficácia permitiu ao emblema da Luz vencer a 77.ª edição da Taça de Portugal e celebrar mais uma conquista.
A superioridade esmagadora do Benfica sobre o V. Guimarães no passado recente (nove golos marcados e zero sofridos nos três confrontos da temporada) não se confirmou no Jamor. Mas, depois de 45 minutos cinzentos, os “encarnados” foram demolidores no início da segunda parte e sentenciaram a partida. A reacção vimaranense, nos derradeiros minutos, ainda deixou os adeptos de respiração suspensa. Mas o final do encontro provocou o início da festa, nas bancadas e no relvado. O V. Guimarães foi o último adversário derrubado pelo Benfica para erguer pela 26.ª vez a Taça de Portugal, num percurso que incluiu Estoril, Leixões, Real Massamá, Marítimo e 1.º Dezembro.
Rui Vitória apresentou o “onze” que se esperava, mas não demorou a ter uma contrariedade que o obrigou a mexer na equipa: Fejsa ficou lesionado num lance com Marega e teve de ser substituído por Samaris (24’) – o grego até está suspenso por quatro jogos, mas o recurso apresentado pelo Benfica suspendeu o castigo.
As circunstâncias fizeram com que o Benfica, lento e previsível, demorasse a aproximar-se da baliza de Miguel Silva. Pelo contrário, a equipa de Pedro Martins criou as situações mais perigosas e foi a melhor numa primeira parte intensa. Com Bruno Gaspar em destaque, os vimaranenses ameaçaram em várias ocasiões: Marega atrapalhou-se e não conseguiu fazer o remate após bom trabalho do lateral direito (16’), Hernâni ensaiou um remate acrobático que Ederson defendeu (27’), Rafael Miranda cabeceou muito perto após canto (28’) e Raphinha, depois de Nélson Semedo falhar a intercepção ao cruzamento de Bruno Gaspar, também falhou (30’).
Estava a assistir-se ao guião oposto ao visto há duas semanas, na Luz, quando os “encarnados já venciam por 4-0 ao intervalo. Mas o início do segundo tempo serviu para desfazer as dúvidas: em duas incursões, a equipa de Rui Vitória fez dois golos e deixou a final decidida. Tudo começou com um remate de Jonas que Miguel Silva não conseguiu segurar – o guardião defendeu para a frente, deixando a bola à mercê de Jiménez, que com um toque de classe a fez passar por cima dele e celebrou com uma máscara de luta livre mexicana. As bancadas entraram em erupção e cinco minutos depois o Benfica fez o 2-0, com Salvio a cabecear sem hipóteses para o guarda-redes, após cruzamento de Nélson Semedo na direita.
O Benfica continuou com o pé no acelerador e aos 56’ pediu-se penálti na área vimaranense. Hugo Miguel nada assinalou e, depois de um momento de consulta com os seus assistentes, terá recebido indicações do videoárbitro (a final da Taça foi o primeiro jogo na história do futebol português com a tecnologia em pleno funcionamento) que confirmaram a sua decisão. Jonas acertou na trave após grande trabalho de Grimaldo pela esquerda (66’).
Os minutos corriam contra a equipa de Pedro Martins, que ainda assim conseguiu dar sinal de vida: Raphinha descobriu Texeira, que ficou a milímetros do golo. Mas, no canto que daí resultou, o V. Guimarães reduziu a diferença no marcador. Zungu, perante a passividade da defesa “encarnada”, saltou mais alto e cabeceou para o 2-1.
Foi o suficiente para reacender-se a esperança vimaranense e arrefecer a festa dos adeptos benfiquistas. Mas até ao final as situações mais flagrantes foram dos “encarnados”, com destaque para um falhanço incrível de Jiménez, que só tinha de empurrar a bola que Pizzi lhe ofereceu. Atirou por cima, mas daí a instantes estava a fazer a festa com os companheiros.
Figura do Jogo - Raúl Jiménez
O primeiro tempo não tinha sido fácil para o Benfica e o jogo prometia complicar-se na segunda parte. Mas, numa tarde de chuva intensa no Jamor, a equipa de Rui Vitória viu surgir um raio de sol com o golo de Raúl Jiménez que permitiu desbloquear a partida. O mexicano, pleno de oportunidade, foi o mais rápido a responder à defesa incompleta que Miguel Silva tinha feito ao remate de Jonas. Com um toque de classe, fez a bola passar por cima do guarda-redes vimaranense e deu início aos festejos nas bancadas. Depois, de forma completamente inesperada, sacou de uma máscara de luta livre mexicana para celebrar o golo. Jiménez trazia dentro dos calções a máscara do “luchador” “Sin Cara”, e, apesar do falhanço incrível no derradeiro instante da partida, os adeptos não terão qualquer dúvida na hora de atribuir ao mexicano o mérito de ter aberto caminho ao triunfo.