SOS Cabedelo quer travar intervenção em praias da Figueira da Foz

Movimento cívico apresentou queixa à Comissão Europeia e critica projecto da Agência Portuguesa do Ambiente.

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ADRIANO MIRANDA

O movimento cívico SOS Cabedelo quer que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) reformule o projecto de intervenção nas praias a sul da foz do rio Mondego, na Figueira da Foz. Os activistas já tinham contestado o tipo de intervenção projectada, alegando que esta apenas iria agudizar o problema de falta de sedimentos na zona.

Na quarta-feira, o SOS Cabedelo endereçou uma queixa a Bruxelas, aos comissários da Política Regional, Corina Cretu, e do Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas, Karmenu Vella. Em questão, entendem os membros do movimento, está o “entrave à participação da cidadania e direito à informação”, a “contradição evidente entre o projecto e as recomendações do Grupo de Trabalho do Litoral” e erros de concepção que consideram que consideram “grosseiros”.

Depois de consultarem o projecto de “Reconstituição do Cordão Dunar do Cabedelo, a Norte da Praia da Leirosa e a Norte da Praia da Vagueira” na íntegra pela primeira vez, os membros do SOS Cabedelo dizem que avançaram com a queixa antes de analisarem o documento porque as máquinas começaram a “fazer trabalhos de ripagem de areias” na “zona de rebentação” da Praia da Leirosa. O movimento publicou na semana passada um vídeo em que se pode observar uma escavadora a operar à beira-mar.

Esta actividade, denuncia Miguel Figueira, membro do movimento, é contraditória com a informação prestada pela APA ao PÚBLICO no passado dia 21 de Abril. A agência referia que o reforço dunar seria feito com recurso a areia “localizada num depósito a uma distância média de transporte de 300 metros desde a praia do Cabedelinho”.

Os membros do SOS Cabedelo dizem que essa referência não estava no projecto, sendo que a ripagem de areias naquele local implica a destruição da duna hidráulica, “com a retirada de sedimentos ao mar” para fazer o reforço da primeira duna.

Contactada pelo PÚBLICO, a Agência Portuguesa do Ambiente remete um esclarecimento para o início da próxima semana. No final de Abril, a APA referia que “a não realização desta intervenção terá implicações graves de erosão no cordão dunar, com a fragilização ou mesmo destruição do sistema dunar”.

No sentido inverso, Miguel Figueira sustenta que “estas obras vão agravar o déficesedimentar”, com implicações ao longo de cerca de 50 quilómetros de costa para Sul, até ao Canhão da Nazaré. Com um valor de 483 mil euros, o contrato para a execução da obra foi assinado a 7 de Março e tem um prazo de 6 meses. O movimento defende que esse dinheiro deve ser aplicado na reposição sedimentar.

Eurico Gonçalves, também do movimento, aponta semelhanças com a intervenção levada a cabo na Praia da Cova Gala em 2015 e lembra que o mar invadiu a floresta a Sul da praia.

Miguel Figueira entende que as entidades que decidem sobre a matéria ainda estão “ligadas a um paradigma de obra pesada” que não é eficaz. “Não vamos ter dinheiro nem energia para nos opormos ao mar”. “Mais vale começar a percebê-lo: mais do que mandar pedras ao mar, devemos começar a recebê-lo bem. Se ele quer areia, devemos alimentar a deriva sedimentar”.

A extensão do areal da Figueira, a Norte da foz do Mondego, tem aumentado nos últimos anos, sendo que o prolongamento do molhe do Porto da Figueira contribuiu para a acumulação de sedimentos, explica Miguel Figueira. A solução passaria pela construção de um bypass, que bombearia os sedimentos a Norte da entrada do Porto, onde estão retidos, para o sul, de forma a fazer a redistribuição

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