O não-candidato está mais próximo da presidência

É expectável que Mário Centeno venha a ser convidado para a liderança do Eurogrupo e não parece plausível que Portugal tenha sequer de apresentar um processo formal de candidatura para o cargo.

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Costa afirma que seria uma "grande honra" para Portugal ver Centeno a presidir ao Eurogrupo Enric Vives-Rubio

Quando na segunda-feira, o comissário europeu Valdis Dombrovsky anunciou a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o primeiro-ministro português, António Costa, sentiu-se finalmente à vontade para assumir que seria uma “grande honra” ter Mário Centeno na presidência do Eurogrupo e que o Governo está disponível para ponderar esse convite, se vier a ser formalizado.

A possibilidade de o ministro das Finanças português subir à presidência do Conselho de ministros das Finanças da zona euro está em cima da mesa há mais de dois meses, mas António Costa foi negando a hipótese publicamente, chegando mesmo a anunciar o apoio português ao ministro espanhol Luis de Guindos, em entrevista dada em Abril ao El País. Costa manteve a cortina de fumo sobre o que se passava nos bastidores. Até porque, primeiro, era necessário que se confirmasse a saída do PDE para que Portugal ganhasse o estatuto de “novo menino bonito das reformas”, como lhe chamou o jornal Politico — o mesmo que ontem citou Wolfgang Schäuble a dizer que Centeno é o “Ronaldo do Ecofin”.

É expectável que Mário Centeno venha a ser convidado e não parece plausível que Portugal tenha sequer de apresentar um processo formal de candidatura para um lugar que, de qualquer modo, só ficará vago após o Verão e quando se verificar a saída de Dijsselbloem, com a tomada de posse do novo Governo da Holanda, que o actual presidente do Eurogrupo e o seu partido deixarão de integrar.

Têm decorrido conversações sobre a hipótese de Centeno o substituir, uma ideia apoiada por países da zona euro que entendem que aquele cargo deve ir para um país do Sul. O tema tem sido debatido informalmente entre os parceiros das Cimeiras dos Países do Sul, mas também com outros líderes da União Europeia (UE).

As alternativas a Centeno eram os ministros das Finanças de Itália ou de Espanha. Só que o Governo espanhol já fez saber que está mais interessado em ver Luis de Guindos suceder a Vítor Constâncio na vice-presidência do BCE, em 2018. E o italiano Pier Carlo Padoan tem contra si o facto de a Itália concentrar vários lugares de peso na Europa: Antonio Tajani e Mario Draghi presidem ao Parlamento Europeu e ao BCE e Federica Mogherini é a alta-representante da UE para Política Externa e Segurança

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