Britânicos compram posição de 75% numa concessão de lítio em Portugal
Secretario de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, sublinha que o conhecimento dos recursos é
Um milhão de dólares australianos: mais de 665 mil euros, à cotação desta quinta-feira. Foi este o investimento feito pela empresa mineira Savannah Resources, sediada em Londres, para conquistar uma participação de 75% no consórcio que detém os direitos de prospecção e pesquisa do projecto mineiro “Covas do Barroso”. Este é um dos projectos apresentandos como de grande potencial de produção de lítio, no relatório do grupo de trabalho que respondeu ao desafio do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, para fazer um diagnóstico e fazer recomendações para uma estratégia nacional.
Como o PÚBLICO divulgou, só em 2016 surgiram 30 pedidos de prospecção e pesquisa em que o lítio figura como mineral principal, com as empresas a falaram de investimentos nos primeiros três anos de cerca de 3,8 milhões de euros. O negócio revelado esta quinta-feira pela Savannah Minerals, e divulgado em primeira mão pelo Jornal de Negócios, revela que há cada vez mais interessados nesta corrida.
"A Savannah Resources Plc está a preparar-se para se tornar num produtor substancial de lítio para baterias com a compra de um activo próximo da fase de produção em Portugal. (…) Acreditamos que a prospecção na Mina do Barroso pode transformar a indústria europeia do lítio ou a indústria de veículos eléctricos, ao tornar-se no primeiro produtor de lítio de qualidade para baterias na Europa," lê-se no comunicado que a empresa divulgou esta quinta-feira.
Solicitado pelo PÚBLICO a comentar o relatório que tem em mãos, o secretário de Estado da Energia limitou-se a constatar que ele “terá o seu seguimento” e que está a ser “naturalmente trabalhado”. Jorge Seguro Sanches falou à margem da apresentação da Carta Geológica de Tomar, mais um elemento do interminável trabalho de formiguinha que o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) tem vindo a executar com o desafio de terminar a cartografia à escala 1:50.000 de todo o território nacional.
A apresentação desta carta geológica integra um road show que o LNEG tem vindo a promover, para sensibilizar para a importância da cartografia geológica no desenvolvimento sustentável do território. E foi também essa a tónica que Jorge Seguro Sanches quis deixar, sublinhando que tal era verdade para todo o tipo de recursos: tanto para os minerais como para os energéticos. “O conhecimento dos recursos é a componente mais e relevante que deve anteceder uma tomada de decisão. E isso é valido para os recursos geológicos [nos quais se insere o lítio], como para os energéticos”, afirmou.
Uma das recomendações que é feita pelo grupo de trabalho é um plano de fomento mineiro, para aprofundar o conhecimento dos recursos nacionais.
O secretário de Estado da Energia desafiou a Câmara de Tomar e o LNEG a avançarem também para uma cartografia das potencialidades do concelho para a energia solar, frisando o lugar no pelotão da frente que Portugal está a assumir também nas energias renováveis. “Depois da aposta nos recursos hídricos e na energia eólica, está na altura de apostar na energia solar”, comentou. O desafio foi prontamente aceite pela presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas.