United conquista a Liga Europa e festeja a Liga dos Campeões
José Mourinho comprovou a especial aptidão para se impor nas finais, tornando-se no segundo treinador com mais troféus europeus no currículo. O Manchester termina a temporada com três títulos no bolso.
Quatro finais europeias em quatro tentativas. Doze finais conquistadas em 14 presenças. Nada menos do que 25 troféus na carreira, três dos quais alcançados na presente temporada. Seja qual for o prisma pelo qual se olhe para a carreira de José Mourinho, não há como não ficar impressionado. E a verdade é que este Manchester United, que derrotou o Ajax (0-2) em Estocolmo, num encontro premiado com a entrega da Liga Europa, é ainda um work in progress, a olhar com especial ambição para 2017-18.
O treinador português já reconheceu que a sua criação se molda mais à imagem do criador na segunda temporada. E nunca escondeu, ao longo da actual, que a Liga Europa funcionaria mais como um trampolim para a entrada directa na Liga dos Campeões em 2017-18 do que propriamente como um fim em si mesma. Ainda que nunca os “red devils”, até esta quarta-feira, tivessem vencido a competição. Até porque são, admita-se, um candidato habituado a outro tipo de voos.
Para atingir esse duplo objectivo, o Manchester precisava de travar, na Friends Arena, uma das equipas mais empolgantes da competição. Uma equipa reconhecida e assumidamente jovem (no “onze” apresentado, a média era de 22 anos), que tinha no último terço do terreno o seu habitat predilecto. Uma equipa disposta num 4-3-3 que depende muito da forma como Lasse Schöne e especialmente Davy Klasssen puxam os cordelinhos a partir da zona central.
E foi essa dependência que Mourinho, estrategicamente irrepreensível, soube explorar. Lançando um United com Ander Herrera e Pogba num duplo pivot defensivo e com uma linha de três atrás do avançado (Rashford), o treinador português viu o seu 4-2-3-1 anular por completo o futebol apoiado dos holandeses. Fellaini, o terceiro homem na zona central e ao mesmo tempo o apoio mais fiável ao ponta-de-lança, certificava-se de que o jogo não se partia. E o Ajax era obrigado a adoptar uma abordagem contranatura, com um futebol directo mais fácil de anular para Smalling e Blind.
O golo de Pogba, logo aos 18’, foi uma mistura de felicidade britânica e incompetência holandesa. Na sequência de um lançamento lateral do Ajax, o United recuperou a bola na zona central, o médio francês teve espaço para arriscar o remate e contou com um desvio decisivo de Davinson Sánchez, um central colombiano de potencial quase ilimitado, mas nesta quarta-feira forçado a assumir em demasia a primeira fase de construção.
Até aí remetido ao meio-campo defensivo, o Ajax tentou ripostar, mas quase só o conseguiu através de arrancadas individuais de Bertrand Traoré, uma das coqueluches da selecção do Burkina Faso. Só que o repentismo, a velocidade e a arte do avançado — que recuou no segundo tempo para tentar a ligação entre sectores que Klaassen e Schöne estavam impedidos de fazer — acabaram por ser pouco para uma equipa incapaz de explorar a largura.
Com o 0-2 logo após o intervalo, na sequência de um canto em que Mkhitaryan desviou de forma acrobática um primeiro cabeceamento de Smalling, o Ajax ruiu de vez. E ainda havia 42 minutos por jogar. Nada menos do que 42 minutos para o United continuar a controlar e a manter o adversário à distância.
José Mourinho, mais efusivo do que noutras finais no momento da celebração, acabava de se tornar no mais velho treinador da história a ganhar a Liga Europa (54 anos e 118 dias). E a verdade é que ainda tem alguns anos pela frente para tentar igualar o homólogo com mais troféus europeus (5): Giovanni Trapattoni. Até porque só lhe falta um.