Drahi: “Não há plano para saídas massivas em Portugal”
O líder da Altice garante que não estão previstas rescisões em massa na PT Portugal, mas o PÚBLICO confirmou que o Governo já foi sondado sobre o tema.
O presidente da Altice, Patrick Drahi, garantiu esta terça-feira que a empresa não tem planos para rescindir contratos com três mil pessoas na PT Portugal, como foi noticiado pelo Expresso no fim-de-semana. Segundo o semanário, o Governo até já foi abordado sobre o tema e reagiu mal.
Hoje mesmo, no debate quinzenal na Assembleia da República, o primeiro-ministro António Costa rejeitou a possibilidade de que o Governo alguma vez dê “qualquer autorização” para um eventual despedimento em larga escala na PT. “O Governo não dará qualquer autorização para que existam esses despedimentos. Nada o justifica”, disse Costa, citado pela Lusa.
O aval do Governo estaria relacionado com a intenção da operadora de obter o estatuto de empresa em reestruturação, de modo a permitir que num plano alargado de rescisões amigáveis um número superior de trabalhadores pudesse aceder ao subsídio de desemprego, o que tornaria o processo mais atractivo.
Questionado em Nova Iorque, onde esteve esta terça-feira a fazer a divulgação mundial da nova marca global da Altice, sobre o tema dos despedimentos e as declarações do primeiro-ministro, Drahi assegurou que “não há qualquer plano de saídas massivas de trabalhadores em Portugal”. E sobre os pedidos de autorização de que falou o chefe do Governo no Parlamento, o empresário franco-israelita foi taxativo: “Não sei do que é que ele [Costa] estava a falar, terá de perguntar-lhe”.
Apesar das declarações do patrão da Altice, o PÚBLICO sabe que o Governo foi efectivamente sondado sobre as saídas de trabalhadores na PT Portugal. O tema já motivou mais do que uma conversa entre o presidente da PT Portugal, Paulo Neves, e a tutela no Ministério do Planeamento e das Infra-estruturas, liderado por Pedro Marques.
Antes de Drahi, já o presidente executivo da Altice, Michel Combes, tinha garantido ao PÚBLICO estar “chocado” com as notícias sobre despedimentos na PT Portugal, que tem cerca de 9500 trabalhadores no activo e outros 3500 em casa, com suspensão de contratos e pré-reformas (uma situação que, de acordo com o Expresso, a empresa também está a procurar resolver).
“Eu não sei de onde vem essa informação. Estou chocado. Não há plano de despedimento colectivo como vi na imprensa em Portugal. Não há qualquer plano”, assegurou Combes.