Túnel do Marão encerrou o ciclo de grandes obras rodoviárias, diz Costa
Primeiro-ministro defende que o país não pode adormecer e tem de se concentrar na "ambição do pós-2020". Também quer consenso para grandes obras públicas.
O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje que os programas comunitários têm de ser para todos os portugueses e não de Governo para Governo e que Portugal não pode "adormecer" tendo que se concentrar na "ambição do pós-2020".
"É altura de pensar o que queremos fazer a seguir a 2020. 2020 é já amanhã. E se queremos fazer bem no pós-2020 temos de preparar bem a negociação com Bruxelas e só preparamos bem se internamente nos prepararmos para sabermos aquilo que queremos", disse António Costa.
O chefe do Governo, que participava em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, na abertura oficial do alargamento A1 - autoestrada do norte sublanço Carvalhos - Santo Ovídio, frisou que Portugal tem de saber antecipadamente o que quer fazer de modo a poder aproveitar os regulamentos europeus e falou de perspectiva de médio prazo.
"Já temos em execução plena e velocidade de cruzeiro os fundos do Portugal 2020 - foi a primeira grande prioridade e o primeiro grande trabalho que o Ministério do Planeamento teve de enfrentar - é agora altura de não adormecermos e concentrarmo-nos naquela que tem de ser a ambição do país no pós-2020", desafiou.
Neste sentido, António Costa disse que vai abrir o debate "chamando todos", nomeadamente autarcas, associações empresariais, associações ecologistas, instituições de solidariedade social, mutualidades, misericórdias e universidades.
"Temos de nos conseguir situar nessa perspectiva de médio prazo de forma a ter um processo de planeamento do país que seja mais informado, mais participado e mais consensualizado. Temos de nos inspirar nos bons exemplos dos outros países da União Europeia", disse o primeiro-ministro, acrescentando que o Estado tem de recuperar capacidade técnica e procurar consenso nacional.
"É essencial que o Estado volte a recuperar a capacidade técnica que infelizmente perdeu (…). Temos defendido que o novo programa de infra-estruturas deve ser aprovado na Assembleia da República por uma maioria de dois terços. Não estamos a falar de obras para uma legislatura, duas, três. Estamos a falar de obras que marcarão pelo menos o próximo século. Tem de ser rodeado de um grande consenso nacional", disse.
António Costa considerou não ser possível que Portugal em cada ciclo político reabra a discussão sobre o que vai ser feito durante as próximas décadas.O primeiro-ministro afirmou querer construir um programa que não será deste Governo para outro Governo, mas sim "um programa para o país, para todas e todos os portugueses de forma a alcançar uma estratégia convergente para continuar a crescer e a gerar mais e melhor emprego e a reduzir as desigualdades".
Antes, António Costa aludiu ao programa "Capitalizar", considerando-o "central" no programa nacional de reformas. Em causa está, explicou, criar condições para que as empresas portuguesas possam ver reforçados os seus capitais próprios e possam ter acesso a mecanismos alternativos de financiamento, bem como ter um processo de justiça mais ágil a gerir os processos de reestruturação das empresas.
"O investimento privado tem sido essencial como motor do crescimento da economia ao longo do último ano. Tivemos um aumento de cerca de 7% do investimento privado ao longo do ano passado (…). Mas obviamente que não é possível prescindir do investimento público", referiu.
O primeiro-ministro disse que com a inauguração do túnel do Marão, há um ano, foi encerrado o ciclo de grandes obras de infraestruturas rodoviárias no país.
O governante, que falou ainda do programa de valorização das áreas industriais, considerou que agora é tempo de se concentrar nos portos e na ferrovia, bem como na mobilidade urbana e fazer as que parecem "pequenas obras mas fazem a grande diferença na vida das comunidades", referindo que a obra hoje inaugurada como "excelente exemplo".