A conversa entre Joesley Batista e Michel Temer na íntegra

O empresário Joesley Batista entregou à Justiça a gravação de uma conversa com o Presidente brasileiro em que falam da investigação anticorrupção e de subornos. O seu conteúdo foi divulgado.

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O Presidente do Brasil, Michel Temer EPA

O incentivo ao pagamento de uma mesada em troco do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha não é a única declaração que deixa o Presidente do Brasil, Michel Temer, numa posição de fragilidade perante a Justiça.

Após a divulgação integral da gravação da sua conversa com o dono da JBS, Joesley Batista, que assinou um acordo para colaborar com os investigadores da Lava-Jato, o Presidente passou a ser suspeito de crimes de mercado, como a divulgação de informação privilegiada, ao antecipar mexidas nas taxas de juro, e também de prevaricação e obstrução da Justiça, por não ter agido após tomar conhecimento do suborno de juízes e procuradores envolvidos nas investigações.

E não é só a posição de Temer que fica comprometida na gravação. A actuação do ministro das Finanças, Henrique Meirelles, também se torna suspeita: o empresário fala em pressões para mudanças de titulares em órgãos do Governo e do sistema financeiro, às quais o ministro teria respondido (na maioria das vezes) positivamente – bem como à definição de políticas favoráveis aos seus interesses.

A conversa entre Batista e Temer aconteceu no Palácio do Jaburu, a residência oficial do Presidente em Brasília, e durou cerca de 40 minutos. A qualidade do áudio é má, e nas transcrições muitas frases no diálogo surgem como inaudíveis.

"Joesley – [trecho inaudível] Tudo bem?

Temer – Você está morando fora do Brasil? Soube que você está morando fora. Tá nos Estados Unidos?

Joesley – Tô ficando muito. A maior parte é lá. Como tá a correria?

Temer – (Trecho inaudível) Eu era tão feliz. Estou fazendo dez meses, parece que foi ontem. Tem a oposição. Lançaram o golpe, golpe, golpe, depois passou. (Diziam que) A economia não vai dar certo. Começou a dar certo. Então, os caras (oposição) estão num desespero. Ainda bem que eu tenho apoio do Congresso. Se eu não tenho apoio do Congresso, eu tô ferrado. Mas vai dar certo, vamos atravessar isso aí, você vai ver. Vamos chegar no final deste ano já muito melhor. E 2018 vamos comemorar.

Batista – Com certeza. É isso mesmo. Sabe que nós vamos chegar no fim deste ano olhando pra frente mais animados.

Temer – Já começou. Modestamente, mas já começou (o ânimo).

Batista – Muito rápido.

Temer – Seis meses como titular e olha o que já fizemos: aprovámos o tecto dos gastos, a DRU (Desvinculação de Receitas da União), reforma do ensino médio, a admissibilidade da (reforma) Previdência, grande acordo na reforma trabalhista, que foi o acordado sobre o legislado.

Batista – Muito rápido. Economia tá bem, mas tem que baixar o juro rápido, porque a reversão da expectativa foi muito rápida.

Temer – (inaudível) Desce mais um (ponto) e vai descendo responsavelmente.

Batista – Você sempre tem que deixar o mercado com a sensação de que foi pouco. Tem que ficar na sensação... Não pode tomar a dianteira. O BC baixou 25 (pontos-base), depois 25 (pontos-base). Aí quando deu aqueles 75, o mercado deu uma animada, mas já esperava 1 (100 pontos- base). Depois dá 1 e acha pouco, pede 1,5 (150 pontos-base).

Batista – Presidente, deixa eu te falar. Primeiro, eu vim aqui por dois ou três motivos. Primeiro que eu não tinha te visto desde que quando você assumiu.

Temer – Quando eu assumi não.

Batista – Antes de assumir. Estive no seu escritório dez dias antes quando, tava ali naquela briga, naquela guerra nas redes sociais. Negócio de golpe, etc. De lá pra cá, vinha falando com o Geddel, enfim...

Temer – Deu aquele problema... Um idiota [ex-ministro da Cultura Marcelo Calero], uma bobagem que ele fez... Sem consequência nenhuma, ele aproveitou pra fazer um carnaval.

Batista – Andei falando com o Padilha, mas ele adoeceu, ficou adoentado... Então eu pensei: "Deixa eu ir lá dar uma..." Primeiro, dizer o seguinte: "Tamo junto." O que o senhor precisar de mim, o senhor me fala. E também te ouvir um pouco, presidente. Como é o que senhor está nessa situação toda de Eduardo (Cunha), não sei o quê?

Temer – Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que... O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tinha nada a ver com a defesa dele. Era pra me trolar. Eu não fiz nada (inaudível) no Supremo Tribunal Federal.

Batista – Eu, o que ia falar, assim, dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo, liquidou tudo. E ele foi firme em cima. Ele já tava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. O único companheiro dele que está aqui, porque o Geddel sempre estava, Geddel andava sempre ali, mas o Geddel, com esse negócio, perdi o contato, eu não posso...

Temer – É complicado...

Batista – E eu não posso encontrar ele.

Temer – (Inaudível) não parecer obstrução de Justiça.

Batista – Isso, isso. O negócio dos vazamentos do telefone lá do Eduardo com Geddel volta e meia citava algo meio tangenciando a nós. Eu tô lá me defendendo. Como é que eu... O que eu mais ou menos me dei conta de fazer até agora? Eu tô de bem com o Eduardo...

Temer – Tem que manter isso, viu? (Inaudível)

Batista – Todo mês

Temer – (Inaudível) Também... tô segurando as pontas, tô indo, tô meio enrolado aqui no processo.

Temer – (Inaudível)

Batista – É, sou investigado. Eu não tenho ainda a denúncia. Aqui, eu dei conta de um lado do juiz, dar uma segurada. Do outro lado, um juiz substituto.

Temer – Que tá segurando os dois.

Batista – Segurando os dois... Ó, eu consegui um procurador dentro da força-tarefa.

Temer – Que tá lá...

Batista – Que também tá me dando informação. E eu lá que tô para dar conta de trocar o procurador que tá atrás de mim. Se eu der conta, tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem cara com raiva ou com não sei o quê...

Temer – (Inaudível)

Batista – O que tá me, me...

Temer – Ajudando?

Batista – Não, o que tá me ajudando tá bom, beleza. Agora o principal é o que tá me investigando. Consegui colocar um no grupo. Agora tô tentando trocar...

Temer – O que tá em cima de você.

Batista – Isso.. estamos nessa. Ele saiu de férias. Até nessa semana fiquei preocupado que saiu um burburinho que iam trocar ele. Eu fiquei com medo. Tô contando essa história pra te dizer que eu tô me...

Temer – Se mexendo.

Batista – Me defendendo, me segurando. Os dois lá se mantendo, tudo bem, mas é um (inaudível). O Geddel tava aqui, aquele negócio da anistia [amnistia] quase não deu.

Temer – (Inaudível) Mas se todos fizerem isso... (inaudível)

Batista – (Inaudível) Sabe que eu estive até com presidente Lula na (inaudível), lá no dia que o PT (Inaudível)

Temer – (Inaudível)

Batista – Presidente, eu não sei o quanto o senhor está ao par, assim, de como (inaudível) é uma brutalidade, um negócio

Temer – (Inaudível)

Batista – Duas ou três semanas atrás, outro que eu nunca ouvi falar. A menina que trabalhava com Lúcio no financeiro, nunca ninguém nosso nunca viu nada. "Ah porque ouvi falar do Lúcio que não sei o quê"... Pô, me rendeu um Fantástico, um Jornal Nacional, uma confusão...

Temer – (Inaudível)

Batista – Ainda bem que tenho boa relação com a imprensa e consegui rapidamente... aquietou.

Temer – (Inaudível)

Batista – Sobre esse ponto estamos tocando.

Temer – (Inaudível)

Batista – Tô fazendo 50 mil por mês pro rapaz (Inaudível) e me dá informação.

Temer – (Inaudível)

Batista – (Inaudível) reunião, falou isso, falou daquilo. O brabo é... Enfim, mas vamos lá. Queria falar como é que é, pra falar contigo, qual melhor maneira, porque eu vinha falando através do Geddel, eu não vou lhe incomodar, evidentemente

Temer – (Inaudível)

Batista -– Eu sei disso, por isso é que..

Temer – (Inaudível) É o Rodrigo [Rocha Loures, deputado federal].

Batista – É o Rodrigo? Então ótimo.

Temer -– (Inaudível) passar para o [Henrique] Meirelles (inaudível) da mais estrita confiança.

Batista – Prefiro combinar assim, se for alguma coisa que eu precisar, eu falo com o Rodrigo, se for assunto desses aí.

Temer – (Inaudível)

Batista – Funciona superbem, posso vir onze da noite, converso dez minutinhos, meia horinha e vou embora. Tá, vamos falar de outra coisa.

Batista – E o Henrique, como você tá com o Henrique?

Temer – Tá muito bem.

Batista – Tranquilo?

Temer – (Inaudível) Quer dizer, ele concorda quando eu digo: "Ô Meireles, não porque vai acontecer isso aqui." "Tem razão." Aí ele faz o que eu (inaudível) muito bem.

Batista – Ele é trabalhador.

Temer  – Trabalhador. Nós todos. O que a gente fez com o Brasil é inacreditável, inacreditável. Mas o Henrique vai muito bem comigo, eu chamo ele todo dia pra trabalhar.

Batista – E ele gosta.

Temer – Ele gosta.

Batista – Ele gosta de trabalhar. Você não chama ele pra ir pra praia. Se você for pra praia e chamar ele, iiiih.

Temer – Não tem graça.

Batista – Se falar, vamo trabalhar. E o Henrique é muito disciplinado, lógico. Relação ótima com ele. Eu já andei falando com ele alguns assuntos, conhecendo ele. Ele é pra caramba. Um dia eu falei com ele: "Ministro, e o nosso lado no BC ah, e tal.' Ele: "Não, aquilo lá o Ilan faz as coisas e tira fora." "Mas não é você que manda nessa merda?" "Não, o Ilan lá."

Temer – (Inaudível) o Ilan

Batista – Então, aí que eu quero. Um dia eu falei assim: "Henrique, precisa mexer na Receita Federal, porra. Esse Rachid [Jorge Rachid, secretário da Receita] aí tá tanto tempo aí. Bota um outro cara aí, mais dinâmico, pá. Um monte de coisa pra fazer." "Ih, não, não posso mexer." Aí, beleza. Não, beleza o planejamento. "Foi você que colocou a Maria Silva lá." "Não, não, não, isso foi o Jucá, eu..."

Temer – (Inaudível) Ligou, acertou e tal.

Batista – Queria ter alguma sintonia contigo pra quando eu falar com ele, ele não jogar: "Ah, não, o presidente não."

Temer – Não deixa.

Batista – "Não deixa, não quer." Pô Henrique, (inaudível) você não manda porra. Eu falei com ele, do Cade. O presidente do Cade ia mudar, né? Mudou. Sei lá. Botou alguém aí.

Temer – Já mudou.

Batista – Já mudou, já botou. Ei, pô. Presidente do Cade, tem que botar. "Ah, isso aí..." Quero dizer o seguinte, resumindo: eu também não sei se é hora de mexer alguma coisa porque dentro do contexto geral, também não quero importunar ele, também... Se eu for mais, eu trabalhei com ele quatro anos, se eu for mais firme nele, pô Henrique... Eu acho que, acho que ele corresponde.

Temer – Ele (inaudível) Brasília tem (inaudível) maiores na vida dele, pra mim, foi eu e você.

Batista – Eu sei disso. Até voltando um pouco ao caso do Eduardo, na época, de "ah, briguei lá e tal pra". Ó, agora tem que ver se, enfim. Tudo bem. Aí ele, uns 15 dias antes dele (inaudível) Eduardo Cunha vem dar uma "afobadazinha'" em mim: "Oh, agora tem que trabalhar, não sei o que tal." "Eduardo, não é assim também, peraí, não é assim não." "Mas puta que o pariu." Aí, Eduardo uns 15 dias antes, eu: "Eduardo, não é assim não, peraí, pô." "Pô, tá com a Ferrari aí?" Porque ele tinha interesse, ficou Fazenda, Banco Central Banco Central perdeu o status de ministro, né? O Henrique ficou muito prestigiado... Peraí, o Henrique também não vai sair fazendo... Queria só, não sei se eu, te dar um toque em relação a isso. Em relação a, eu não sei o quanto eu vou mais firme no Henrique, o quanto eu deixo ele com essa pepineira dele aí e tal.

Temer – Se ele, (inaudível) está errado.

Batista – Se ele jogar pra cima de você, eu posso bancar? Dizer assim: "Não, não qualquer coisa eu falo com ele."

Temer – (Inaudível) fazendo escondido (inaudível).

Batista – Ah, então. Lógico, lógico. Eu não vou falar nada descabido. Agora, esse presidente do Cade isso seria. É importantíssimo ter um presidente do Cade ponta firme.

Temer – (Inaudível) foi nomeado?

Batista – Já foi, já foi, já foi. Em Janeiro agora. Eu falei pra ele. Foi nomeado o presidente.

Temer – (Inaudível) conversa franca

Batista -– Eu não sei. Por exemplo, agora está o presidente da CVM para trocar, é outro lugar fundamental. Eu queria assim.

Temer – Você devia falar com ele

Batista – Se eu falar com ele, e ele empurrar pra você, eu poder dizer: "Não não, não."

Temer – Não, pode fazer.

Batista – É só isso que eu queria, ter esse alinhamento. Pra gente não ficar e pra ele perceber que nós temos

Temer – (Inaudível)

Batista – Hum, hum. Quando eu digo de ir mais firme no Henrique é isso, é falar: "Henrique, você vai levar, vai fazer isso? Então tá bom." Porque aí ele vem. Então pronto, é esse alinhamento só que eu queria ter.

Temer – Pode fazer isso.

Batista – E todos os, em termos mais amplos, genéricos, ter esse alinhamento pra dizer o
seguinte, quando eu falar um negócio, porra, pelo menos vai lá e consulta, vai ver. Eu queria te dizer o negócio do BNDES lá, daquela operação, o Geddel me falou que teve todo o empenho e esforço.

Temer – (Inaudível)

Batista – Não deu de um jeito, mas deu de outro e pronto.

Temer – (Inaudível) eu chamei e ela veio me explicar (inaudível) jeito e deu certo.

Batista – O BNDES tá bem travado. Esse negócio é outra (corte) influência. Hoje com quem que a Maria Silva tá falando, com quem? Tá problemático.

Temer – (Inaudível) Tem servidores lá que estão com os bens indisponíveis. Não pode mexer, eles têm medo de mexer em qualquer coisa. Tá com um verba de 150 bilhões de reais parada. (corte) Mas isso aí do Meirelles pode falar.

Batista – Isso que eu quero. E se ele escorregar, eu digo.

Temer – Consulte-o. Consulte o presidente.

Batista – Geddel você tem visto ele?

Temer – Falou comigo hoje, por telefone. (inaudível) uma razão (inaudível)

Batista – Exactamente. Como vai financiar 2018?

Temer – Não sei. (Inaudível) Acho que quando melhorar bem a economia, muda.

Batista – Com certeza. Casa que falta pão não tem leão. Não é assim? Não tem nenhum remédio melhor do que as coisas bem, financeiramente. Todo o mundo acalma. No TSE, como é que tá?

Temer -– Tudo bem (inaudível), foi um troço meio maluco. Mas eu acho que não passa o negócio da minha cassação, porque eles têm uma consciência política (corte). Porra, mais um presidente? Primeiro (inaudível). Terceiro, a improcedência da acção. (Inaudível) E tem recurso, no TSE, no Supremo. (corte) E até lá já terminou o mandato.

Batista – Então tá bom. Puta que o pariu.

Temer – Os aborrecimentos que você está tendo também.

Batista – Ah, é duro, né, ô presidente? Igualzinho o senhor aqui também, né? A gente fica equilibrando aqueles pratos. Mas não temos só isso. Tem a empresa, tem o concorrente, tem os Estados Unidos, tem o dia-a-dia, tem a empresa. E tem que parar por conta de resolver coisas. Eu falo lá pro procurador: "Ô doutor procurador, o senhor quer me investigar, não tem problema, mas não fica dando solavanco, não. Não fica dando solavanco e fazendo medidas destemperadas, e divulgando pra imprensa. Ô Doutor, eu posso estar certinho, mas vou chegar lá morto, de tanto solavanco que o senhor dá. Se eu tiver 100% certo, eu morro. Para com isso". Da última vez eu até falei_ "Faz um favor pra mim, me denuncia de alguma coisa." "Mas eu não tenho nada pra te denunciar." "Mas inventa, inventa. Me denuncia. Que eu não aguento, se ficar desse jeito, senhor vai me quebrar." Puta que o pariu, eu sei que é o seguinte. Mas tudo bem, nós somos do couro grosso.

Temer – Isso vai passar, viu, não vai ficar a vida toda assim.

Batista – Tem que... Como se diz. (corte) Menos pé no chão também, lógico, passado é passado. Tá faltando talvez, presidente, quando tava ali falando de anistia, o negócio da autoridade, a gente tínha uma coisa objectiva para lutar pelo o que. Estamos lutando, trabalhando... (corte) A gente tinha que pensar, porque se não for atrás de algo, esses meninos, eles não tem juízo, eles não param. Um delata um, que delata o outro, que delata um, que delata o outro. Delação sem verdade, que não precisa provar nada.

Temer – É, é.

Batista -– É o seguinte, eu até perdoo, já teve uns quatro ou cinco que delatou nós, coisa estapafúrdia, como o Sérgio Machado. Eu nunca vi esse cara na vida. (cortes) Eu vi o vídeo, eu fico pensando que fala assim: "Fala da aí da JBS." "Não, eu não tenho nada." "Ah, então vai preso, então vai embora." "Mas eu não conheço esse povo..." "Não, lembra
se não, não fecha."

Temer – É, é.

Batista -– Eu vi o vídeo de um pobre coitado do Sérgio que eu nem conheço, comemorando o último capítulo, da JBS. Ele decorou, leu um papelzinho lá, tal tal tal... Quando acabou, ah, acabou!

Temer – O Sérgio Machado?

Batista – É, fala de JBS (corte). Nós nunca passamos perto da Petrobras... da Transpetro. Nunca vi Sérgio Machado na vida, nem ele, nem os filhos dele, nada. Mas aí o procurador vira: "Fala, se não..."

Temer – Quer se livrar, fala.

Batista – Lembra de alguma coisa.

Temer – Acho que foi gravado pra poder convencer os procuradores a aceitar (inaudível).

Batista – Eu fico imaginando. Teve um menino, uma dessas operações, que tava preso. Ele teve que falar alguma coisa nossa. Ele contando, é de dar dó do cara. Gente, vocês não sabem, eu fiquei 15 dias humilhado na cadeia porque eu não tinha nada para falar. E foi, foi, foi, eu falei. De tudo o que aconteceu connosco até agora, tem só um tal dum PIC, que é um procedimento investigativo criminal. Não tem nada, uma prova, não tem um dinheiro meu no exterior que eu depositei. No dia que aconteceu eu estava nos EUA e liguei para o meu advogado. Que é isso? Ele também não sabia, não é criminalista. E disse que o delegado disse que não precisava se preocupar, é um PIC. Meia hora depois falou: bloqueou as contas. Hein? Mais meia hora, oh, os bens tão bloqueados. Mais meia horinha disse oh, tão recolhendo os passaportes, não pode viajar. Tá louco? Daqui a pouco com PIC estou é preso. Foi onde corri lá no procurador, dei um seguro garantia de R$ 1,5 bilhão e pronto, resolveu o meu problema. Você imagina se eu não consigo fazer um negócio desse? É muito desproporcional. Então eu acho, presidente tem que criar alguma agenda, alguma coisa. Eu tava lendo o PSDB, agora estão se mexendo.

Temer – (Inaudível)

Batista – Presidente, não vou tomar mais seu tempo, não. Obrigado, adorei te ver.

Temer – Bom te ver aí.

Batista – Nós estamos combinando o seguinte. Primeiro, precisando de alguma coisa me fala, viu? Fica à vontade. Segundo, estamos lá nos defendendo. Terceiro, o negócio do Henrique, óptimo. E enfim, se surgir alguma (inaudível). Eu gostei desse jeito aqui, viu? Eu venho dirigindo, nem vim com motorista, eu não dirijo.

Temer – Ah, você veio sozinho?

Batista – Eu tinha combinado de vir com ele. Eu vim sozinho. Mas aí eu liguei pra ele era 11h30. Daí deu 9h50 mandei mensagem para ele. Não respondeu. Deu 10h05 liguei para ele. Ele disse pô, estou num compromisso, vai lá, passei a placa do carro. Fui chegando, eles abriram. Nem deu meu nome. Fui chegando, eles viram a placa do carro e abriram. Entrei, entrei aqui na garagem. Funcionou superbem. O senhor não vai mudar para o outro?

Temer – Mudei pro outro, fiquei uma semana lá. (Inaudível) Tem oito, dez dormitórios, tem cozinha, tem (inaudível). A Marcela tá acordada. Vamos voltar? Fui para a Bahia três dias, não aguentei. (Inaudível)

Batista – Lá é muito frio, aqueles vidrão. Como a Dilma aguentava ficar sozinha lá? Deixa
eu ir embora que já é tarde. Estou bem. Deixa eu pegar... (Inaudível).

Temer – Você emagreceu.

Batista – Reeducação alimentar. Tô me alimentando bem, comendo coisa mais saudável, menos doce, menos industrializado."

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