CDU de Merkel consegue vitória surpresa em bastião social-democrata

Eleições na Renânia do Norte-Vestefália são "ensaio geral" para as legislativas de Setembro na Alemanha e os conservadores ganharam com uma margem clara e inesperada.

Armin Laschet, candidato da CDU, celebra a vitória na Renânia do Norte-vestefália
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Armin Laschet, candidato da CDU, celebra a vitória na Renânia do Norte-vestefália ARMANDO BABANI/EPA
Martin Schulz dirige-se aos apoiantes do SPD depois de uma pesada derrota
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Martin Schulz dirige-se aos apoiantes do SPD depois de uma pesada derrota FELIPE TRUEBA/EPA

A CDU da chanceler Angela Merkel venceu as eleições que estão a ser classificadas na imprensa alemã como o “ensaio geral” para as legislativas de Setembro, no estado federado da Renânia do Norte-Vestefália, com os resultados preliminares a dar à CDU 33,7% contra 31,1% do SPD da governadora do estado, Hannelore Kraft, no poder em coligação com os Verdes.

Com as sondagens do final da campanha a apontar para um empate técnico, a vitória, clara, dos conservadores é um rude golpe para os sociais-democratas, que perdem um importante bastião, em que governaram durante a maior parte do tempo do pós-guerra. Kraft anunciou imediatamente a sua demissão das suas funções no partido.

O estado federado (Land) é relevante por ser o mais populoso do país e esta eleição assumiu também importância especial por ser a última num estado federado antes da eleição nacional. É ainda a terceira vitória da CDU em eleições num Land este ano, depois de se ter conseguido manter no poder no Sarre, e de derrotar o SPD em Schleswig-Holstein.

Ouvido antes do fecho das urnas, e sem conhecer os resultados, o professor de ciência política da Universidade Livre de Berlim, Oskar Niedermayer, comentava à agência de notícias alemã DPA que uma derrota no estado teria um grande significado para os sociais-democratas: “Martin Schulz poderia enterrar as suas esperanças de ser chanceler”. Para o especialista, “a mensagem seria clara: vermelho-verde [SPD-Verdes] é rejeitado, e isso não quer dizer nada de bom para o SPD”, defendeu.

A opinião não é unânime. Num artigo no Die Zeit, o jornalista Peter Dausend diz que os eleitores da RenÂnia do Norte-Vestefália rejeitaram Hannelore Kraft - e não Martin Schulz.

Para as eleições de Setembro, os partidos esperam quebrar a grande coligação entre CDU e SPD, que ao concentrar no poder numa grande maioria e deixar pouca oposição, abre espaço a maior contestação de partidos como a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita.

O SPD vinha a sonhar com a hipótese de conseguir a chanceleria desde que em Janeiro escolheu, de modo surpreendente, o antigo presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz como candidato. Mas após uma subida-relâmpago nas sondagens, conhecida como “o efeito Schulz”, parece que o entusiasmo se dissipou e a CDU tem vindo a ganhar terreno, estando já com 10 pontos percentuais de diferença em relação ao SPD (37% contra 27%).

Quanto aos outros partidos, a eleição da Renânia do Norte-Vestefália também dá esperança aos Liberais (FDP), que aparecem com 12% – após participar no Governo de Merkel (2009-2013) o partido não conseguiu nas últimas eleições, pela primeira vez, entrar no Parlamento, ficando abaixo da fasquia de 5% exigida para representação parlamentar na Alemanha. A nível nacional, as sondagens dão ao FDP 6%. 

A questão que os resultados preliminares deixavam em aberto era se a CDU e o FDP conseguiriam a maioria necessária para governar em conjunto no estado. A nível nacional, os Verdes têm-se apresentado como um partido que pode participar em qualquer coligação – poderiam ser uma hipótese para parceiros de coligação com a CDU que incluísse ou não os liberais (dependente sobretudo de se estes conseguem ou não entrar no Parlamento).

Os Verdes foram, no entanto, castigados neste Land com 6% (menos do que os 8% da última sondagem nacional), e a Alternativa para a Alemanha parece continuar a sua tendência descendente com 7,7% nesta votação (sensivelmente o mesmo que lhe tem sido atribuído nas últimas sondagens a nível nacional, 8%).

Die Linke (A Esquerda) obteve este domingo 4,9%, parecendo não ter conseguido entrar no parlamento do estado federado, em Düsseldorf - mas pequenas alterações no resultado final podem fazer com que entre. Nas sondagens nacionais para as legislativas é no entanto o terceiro partido, com 10% das intenções de voto.

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