Coreia do Norte lançou míssil que pode ser de novo tipo, diz o Japão
Novo Presidente sul-coreano tinha pedido diálogo a Pyongyang. Agora convocou de emergência o conselho nacional de segurança.
A Coreia do Norte lançou neste sábado (já domingo na península asiática) um míssil balístico que sobrevoou 700 quilómetros, desde uma região na costa Oeste do país, até cair no mar a Leste, de acordo com as forças militares sul-coreanas. O Japão afirma que o projéctil terá atingido uma altitude de 2000 quilómetros. O lançamento acontece dias depois de um novo Presidente ter sido empossado na Coreia do Sul, pedindo diálogo ao regime de Pyongyang.
O tipo de projéctil lançado não foi imediatamente claro. A agência de notícias Yonhap dizia, no entanto, que aparentava ser um míssil balístico, o que se confirmou mais tarde. Porém, segundo fontes japonesas não identificadas e citadas pelo jornal The Guardian, este pode ser um novo tipo de míssil norte-coreano. Segundo a Reuters, os dados de Tóquio indicam que o míssil foi lançado às 5h30 locais de domingo (20h30 de sábado em Portugal continental) e manteve-se no ar cerca de 30 minutos, antes de cair no mar do Japão, a cerca de 400 quilómetros da costa leste da Coreia do Norte.
De nada adiantou a Seul apontar para o diálogo como forma de aliviar tensões. O lançamento teve lugar numa região de nome Kusong, localizada a Noroeste da capital, Pyongyang, onde foi testado anteriormente o lançamento de mísseis de alcance intermédio que se acredita que o regime norte-coreano esteja a desenvolver. É o primeiro teste em duas semanas desde a última tentativa, que falhou após alguns minutos de voo.
Um responsável pelo Global Security Programme do Union of Concerned Scientists, David Wright, disse ao jornal The Guardian: "Se as informações acerca deste teste estão correctas, este míssil tem um alcance consideravelmente superior ao que arsenal usado até agora."
O comando norte-americano do Pacífico confirmou também o lançamento, mas acrescentou que "o voo não é consistente com um míssil balístico intercontinental", que teoricamente teria capacidade de atingir o território dos EUA.
Num dos anteriores lançamentos, o míssil percorreu cerca de 300 quilómetros menos do que o lançado neste domingo de madrugada a Noroeste de Pyongyang. A grande altitude alcançada indicia também uma evolução tecnológica.
Os Estados Unidos já reagiram ao novo ensaio norte-coreano. "A Coreia do Norte tem sido uma ameaça flagrante durante demasiado tempo. Esta última provocação é uma chamada para todas as nações implementarem sanções bem mais pesadas à Coreia do Norte", disse a Casa Branca em comunicado. "Com o míssil a cair tão perto do território russo - aliás, mais perto da Rússia do que do Japão - o Presidente [Trump] não imagina que a Rússia esteja satisfeita", lê-se ainda.
De facto, e já este domingo, fonte do Kremlin citada pelas agências internacionais disse que tanto Moscovo como Pequim estão "preocupadas com a escalada de tensão" representada pelo novo ensaio norte-coreano. A crise na península foi discutida num encontro na capital chinesa entre o Presidente Vladimir Putin e o homólogo chinês Xi Jinping, à margem do Fórum de Cooperação Internacional da Nova Rota da Seda.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por seu turno, classificou este lançamento como uma "grave ameaça para o Japão", frisando ainda que se trata de uma "clara violação das resoluções das Nações Unidas". Abe prometeu continuar em contacto com os EUA e a Coreia do Sul, onde o recém-empossado Presidente Moon Jae-in convocou de emergência o Conselho Nacional de Segurança, segundo um comunicado da presidência sul-coreana. O Presidente Moon assumiu posição semelhante à do chefe de Governo nipónico. " O Presidente exprimiu o seu profundo pesar face a esta perigosa provocação da Coreia do Norte, dias depois da tomada de posse de uma nova administração na Coreia do Sul", afirmou o porta-voz do Presidente sul-coreano, segundo declarações citadas pelo diário francês Le Monde.
A Austrália também reagiu prontamente, através da ministra da Defesa: "Vemos isto como uma imprudente provocação que conduz-nos para a instabilidade regional e mundial", declarou Marise Payne, segundo aquele mesmo jornal londrino, acrescentando que por isso mesmo a Austrália volta a condenar "este tipo de comportamento", tal "como já fez no passado".
A Coreia do Norte tentou mas falhou o lançamento de quatro mísseis balísticos consecutivos nos últimos dois meses, mas conduziu uma variedade de testes desde o início do ano anterior a um ritmo sem precedentes.
Especialistas e autoridades governamentais acreditam que a Coreia do Norte alcançou algum progresso técnico com estes testes.