O "onze do tetra"
Dois treinadores, 67 jogadores e quatro campeonatos. Apenas cinco futebolistas estiveram em todos os anos do primeiro “tetra” da história do Benfica. Luisão foi o que teve mais minutos nos últimos quatro anos.
Jonathan Rodriguez, lembram-se? E Hany Mukhtar? Bebé? Danilo Silva, que andava pela Luz há uns meses, será de mais fácil recordação. Entre os quatro, não fizeram um jogo completo, mas todos, em épocas diferentes, foram campeões pelo Benfica. São quatro dos menos utilizados entre os 67 jogadores com minutos no primeiro tetracampeonato da história do clube da Luz e teriam lugar no "onze" dos “flops” “encarnados” dos últimos quatro anos. Mas o exercício que apresentamos não é esse. Fomos olhar para os minutos dos jogadores utilizados por Jorge Jesus e Rui Vitória nos últimos quatro anos para formar o "onze do tetra".
Não são exactamente os 11 mais utilizados (não há nenhum guarda-redes entre os 11 com mais minutos nas quatro temporadas), mas é um “onze” em que estão os cinco jogadores tetracampeões (Luisão, André Almeida, Fejsa, Salvio e Jardel) e em que nove ainda se mantêm na Luz.
Sem surpresa, Luisão é o mais utilizado nos últimos quatro anos, ele que é praticamente um fixo no eixo da defesa “encarnada" há quase década e meia – no polo oposto desta lista de 67 jogadores está o avançado uruguaio Jonathan Rodriguez, que teve apenas direito a quatro minutos em 2014-15.
Luisão foi o capitão praticamente inamovível para Jesus e Vitória, sendo que, na época passada, uma lesão grave tirou o brasileiro da equipa durante vários meses – foi a sua pior temporada no clube.
Entre os restantes seis centrais utilizados nestas quatro épocas, o parceiro de Luisão nesta equipa acaba por ser outro brasileiro tetracampeão, Jardel, que só foi indiscutível na última época de Jesus e na primeira de Vitória, e esta temporada só jogou uma vez no campeonato.
Nas alas, é preciso explicar a presença de André Almeida como lateral direito, que é apenas uma das coisas que o jogador tem sido nestes quatro anos. A sua polivalência faz com que seja o sétimo mais utilizado no "tetra", seja nos dois lados da defesa ou no meio-campo, sem nunca ter sido um titular indiscutível – podia também ser Maxi Pereira ou Nélson Semedo, mas Almeida tem mais minutos. No lado esquerdo, está Eliseu, que beneficiou de alguma instabilidade quase crónica na posição para se ir mantendo como primeira opção.
A baliza teve donos diferentes nas quatro épocas e é por isso que nenhum dos cinco guarda-redes utilizados está no "top-11". Júlio César é o mais transversal do “tetra”, jogando consistentemente em três anos, mas só foi titular indiscutível em 2014-15. Antes, Artur Moraes e Oblak ficaram com uma metade da época 2013-14 para cada um. O "imperador" chegou e conquistou o lugar, mas perdeu-o já em 2015-16 para Ederson e só voltou à titularidade episodicamente, quando o seu jovem compatriota não estava disponível.
No meio-campo, há dois jogadores que estão no grupo dos tetracampeões apesar de serem dois dos mais castigados por lesões. Fejsa ainda não conseguiu ter uma época “limpa” desde que chegou ao Benfica, mas tem sido primeira opção desde que joga na Luz, sendo esta a época que lhe correu melhor. Salvio é exactamente a mesma coisa, um “mártir” que é dono do lado direito do ataque sempre que está saudável.
Pizzi está no lote dos tricampeões depois de ficar com o lugar de Enzo Perez em 2014-15, passando depois a indiscutível de Rui Vitória para os dois anos seguintes (também na ala, mas, sobretudo, no meio-campo).
No lado esquerdo, um canhoto que deixou saudades na Luz, Nico Gaitán.
O ataque do “tetra” é de uma dupla brasileira que coincidiu apenas numa época, Lima e Jonas. O actual avançado do Al Ahli teve de dividir espaço com Rodrigo e Cardozo em 2013-14, mas encontrou uma complementaridade perfeita com Jonas em 2014-15. Com essas duas épocas, Lima consegue ter um ascendente sobre Mitroglou. Indiscutível é Jonas, que teve uma época de menor fulgor, mas ainda assim bastante eficaz, depois de dois anos fantásticos e que lhe dão o comando destacado entre os goleadores do “tetra”.
A diversidade é uma marca dos plantéis do Benfica nestes quatro anos. Sem contar com os jogadores que não chegaram a iniciar épocas e que nunca passaram da equipa B, houve jogadores de 19 nacionalidades diferentes a terem minutos. Os portugueses estão em maior número (20), mas representam menos de um terço do total. Da América do Sul vieram 27, entre eles 15 brasileiros e sete argentinos, enquanto a Sérvia, depois de Portugal, é o país europeu mais representado (7). África teve apenas dois jogadores (o marroquino Carcela e o moçambicano Clésio), enquanto a América do Norte teve um (o mexicano Jiménez), sem que tenha havido qualquer jogador da América Central, da Ásia ou da Oceânia.