A Europa rendeu-se a Salvador e deu-nos a Eurovisão

Portugal vence pela primeira vez concurso — e logo com um recorde de pontos. Até agora, não tinha passado do sexto lugar.

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Diziam que era impossível. Que uma balada nunca iria vencer a Eurovisão. Que a música não era festivaleira e que Salvador Sobral iria ter de mudar tudo o que é para vencer o concurso. O músico de 27 anos dispensou um espectáculo de luzes impressionante e subiu ao palco com uma indumentária tão simples quanto a eficácia da sua música. Sem bailarinos ou um coro, Salvador Sobral colocou um país inteiro a olhar para a Eurovisão novamente. E, em português, conseguiu conquistar também a atenção além-fronteiras. A canção do músico de 27 anos tornou-se um fenómeno global e durante semanas surgiam dos quatro cantos do mundo vídeos de fãs a interpretar as suas versões. Na imprensa internacional multiplicaram-se títulos a elogiar a “voz de anjo” e a “actuação perfeita”. A esperança foi crescendo entre as vozes mais cépticas. Este sábado, os resultados do festival não deixaram margem para dúvidas: a Europa rendeu-se a Salvador Sobral.

“Isto é uma vitória para a música. Para as pessoas que fazem música que realmente significa alguma coisa. A música não é fogo-de-artifício. A música é sobre sentimentos. Vamos tentar mudar isso”, foram as primeiras palavras de Salvador Sobral, ao agradecer a distinção, durante a noite de ontem.

A vitória do músico português começou a ser clara nos primeiros minutos de votação, com Portugal a somar o favoritismo da maioria dos júris de cada país. A votação dos espectadores não foi diferente.

“Nos próximos anos talvez a Europa traga música com um bocadinho de mais significado”, continuou o vencedor da Eurovisão, aproveitando para elogiar a sua irmã, compositora da canção. O músico confessou que “não voltaria a concorrer” e insistiu na importância que a sua participação teve para a popularidade e reconhecimento da sua carreira musical.

Salvador chegou ao Festival da Canção depois de o concurso ter feito interregno de um ano nos palcos da Eurovisão e num ano em que a organização apostou num novo formato para tentar recuperar o prestígio que o concurso tinha outrora. A 5 de Março, a 51.ª edição do festival elegeu como favorito o músico que nunca viu a Eurovisão. A confissão seria feita dias depois, ao PÚBLICO. Em conversa, o músico sublinhava que estava no concurso para que conhecessem a sua música. Um objectivo também cumprido. Depois de vencer o Festival da Canção, o álbum Excuse Me, editado em 2016, saltou para o top de vendas do iTunes.

Ironicamente, foi “o rapaz do jeito peculiar” que não se deixou contagiar pela fórmula da Eurovisão o responsável pelo fim da maldição portuguesa no concurso. Além disso, Salvador fez mais ainda e conseguiu inscrever a sua marca também na história do concurso: Portugal conquistou a melhor pontuação de sempre no concurso de música, 758 pontos. Até agora, o melhor classificado não tinha somado mais de 534 pontos.

Em segundo lugar ficou a Bulgária, com 615  pontos, e em terceiro lugar a Moldávia. Portugal deverá agora assegurar a organização do concurso no próximo ano.  De acordo com as primeiras informações oficiais, o evento deverá realizar-se em Maio. O site oficial da competição indica quatro datas possíveis para as três etapas: as duas semi-finais e a final.

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