Braga tornou-se um distrito espinhoso para o partido da rosa

Presidente da Câmara de Vizela desiste da recandidatura e a alternativa de última hora escolhida pelo partido passa por um independente. Além de Vizela, o PS tem mais cinco concelhos problemáticos no distrito.

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Joaquim Barreto é deputado e líder da federação distrital de Braga do PS Rui Gaudêncio

Braga já foi uma rosa na lapela autárquica do PS, mas está a tornar-se num dos distritos mais problemáticos para os socialistas nas eleições de 1 de Outubro. E o presidente da distrital de Braga, Joaquim Barreto, vai ter de prestar contas por não ter conseguido pacificar o PS. As cisões internas em Barcelos, Celorico de Basto, Cabeceiras de Baso, Fafe, Póvoa de Lanhoso e Vizela abriram espaço a candidaturas independentes e o PS pode registar o seu pior resultado de sempre num distrito que já foi um bastião socialista.

Esta semana, o PS assistiu à desistência do presidente da Câmara de Vizela, Dinis Costa, que anunciou que não se vai recandidatar. Para a lista à câmara, o PS escolheu o independente João Ilídio Costa, presidente da Real Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Vizela, que, em 2009, apoiou a candidatura de Miguel Lopes, pela coligação PSD/CDS.

Dinis Costa e o seu ex-vice-presidente, Vitor Hugo Salgado, incompatibilizaram-se durante o mandato e a direcção nacional do partido entendeu avocar o processo autárquico, impondo Dinis Costa como candidato ao aparelho local do partido. Há muito no terreno, Vitor Hugo Salgado candidata-se em Outubro como independente e todas as sondagens lhe dão a vitória.

O estrondo da cisão em Barcelos foi grande e aconteceu entre o presidente do executivo, Miguel Costa Gomes, e aquele que era o seu vice-presidente,Domingos Pereira, que já renunciou ao mandato de deputado e anunciou a candidatura como independente. Nos últimos dias, correu o rumor de que Miguel Costa Gomes não seria candidato, mas o presidente da câmara confirmou ao PÚBLICO a sua candidatura, revelando que está a fazer os convites para as listas e que haverá uma “grande renovação”.

Na Póvoa de Lanhoso, há duas candidaturas da área do PS. A concelhia apoia a lista liderada pelo vereador Frederico Castro, que se candidata à presidência da autarquia. A outra é protagonizada pelo militante socialista Lúcio Pinto, que já presidiu à câmara. “Esta candidatura surge depois de vários apelos e palavras de apoio de muitos cidadãos da Póvoa de Lanhoso e pretende-se assumir como uma candidatura ‘Alternativa’”, afirmou Lúcio Pinto, depois de ter apresentado a sua candidatura.

Duas figuras da área socialista vão a votos em Fafe. A concelhia escolheu e aprovou, “por mais de 90% dos votos”, o nome do independente e ex-vice-presidente da câmara Antero Barbosa, para liderar a candidatura autárquica, mas a direcção nacional não gostou e avocou o processo, impondo Raul Cunha, actual presidente, dando cumprimento a uma orientação do último congresso do PS, que diz que é de manter como candidatos os presidentes em funções.

Na própria capital de distrito, o PS não tem a vida fácil. Ricardo Rio está a cumprir apenas o primeiro mandato na Câmara de Braga, à frente da coligação PSD/CDS, e o PS apostou em Miguel Corais, que no final de Março deu uma entrevista polémica ao Expresso. Referiu-se ao "desgaste e erros de percurso da gestão de Mesquita Machado, quase inevitáveis quando se está no poder durante quase quatro décadas” e afirmou que o "ex-dinossauro" socialista “secou” tudo à volta, não havendo por isso "socialistas mediáticos". Ex-líder da concelhia e ex-vereador de Mesquita, o actual secretário nacional para a Organização do PS, Hugo Pires, já veio dizer que a entrevista era "desajustada no tempo e no modo", "um ajuste de contas com o PS" e que indiciava "mediocridade de ideias", "pequenez de espírito" e "falta de elevação moral".

Já fora dos limites do distrito de Braga, em Felgueiras (Porto), o PS tem mais uma situação complicada. A concelhia desistiu do candidato que escolheu, Pedro Araújo, independente, e anunciou que procurará um novo candidato. “O PS decidiu revogar a decisão referente ao candidato à Câmara de Felgueiras, previamente acertada com o próprio, por entender não estarem reunidas as condições para a vitória eleitoral”, diz o PS de Felgueiras, em comunicado.

Eduardo Bragança, líder da concelhia, disse ao PÚBLICIO que “os pressupostos que levaram à escolha de Pedro Araújo [independente] já não se verificam”. Bragança quer um “candidato combativo” para tirar a câmara ao PSD.

“O PS acredita fortemente que tem todas as condições para ganhar as eleições em Felgueiras pelo mau desempenho do executivo de Inácio Ribeiro que nada tem feito em benefício do concelho”, considera o dirigente socialista. “Este é o terceiro mandato de Inácio Ribeiro e a sua obra nestes últimos quatro anos resume-se a: nada. O concelho está completamente parado”, diz.

O PÚBLICO apurou que o presidente da distrital do PS-Porto, Manuel Pizarro, convidou em Junho do ano passado, José Ribeiro, líder da concelhia de Fafe, para ser o cabeça de lista do partido à Câmara de Felgueiras. Ao PÚBLICO, José Ribeiro, que foi presidente da Câmara de Fafe durante vários mandatos, declarou que recusou o convite, afirmando que “em Felgueiras há muita gente disponível para ser candidato”.

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