}

“Para mim o principal é o Papa. Se lhe pudesse dar um beijinho...”

Em Fátima já moram milhares de peregrinos e está tudo a postos para receber Francisco, o Papa que “mexe com todos nós”.

Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta
Fotogaleria
Paulo Pimenta

Há abraços que tardam em acabar na esplanada do Santuário de Fátima. Durante a tarde desta quinta-feira são muitos os grupos de peregrinos que chegam ao local e a emoção toma conta de quase todos. Paula Leão, 50 anos, é uma das que têm o rosto lavado pelas lágrimas, por mais do que uma razão. Veio de Sousel, no distrito de Portalegre, num grupo de 23 pessoas em que apenas 19 chegaram ao fim. Ela, de pé, rosto molhado, diz que tem dois entorses. Há-de tratá-los quando chegar a casa, onde vai regressar ainda na noite desta quinta-feira. Foi a primeira vez que fez a caminhada a pé até Fátima. “Foi um pedido de ajuda”, diz.

A razão foi uma doença grave diagnosticada ao filho de 27 anos. É por causa dele que regressa ainda no mesmo dia em que cumpriu a caminhada. Por ele e pelo outro filho, que diz estar preocupado com todas as notícias que falam das questões de segurança que envolvem o evento. Meteu férias para a peregrinação, que começou no domingo de manhã e que cumpriu quando já duvidava que fosse possível. “Sinto que consegui. O espírito de grupo foi excelente, foi com muito sacrifício que cá cheguei”, conta, explicando que fez parte do caminho “fisicamente” apoiada em duas pessoas que não a deixaram desistir.

Paula e os colegas chegaram agora mesmo, mas Celestina Rico, 67 anos, e os amigos Madalena Lourinho, 46 anos, e Abílio Santos, 56, todos de Abrantes, já desde quarta-feira não largam as cadeiras coladas ao gradeamento que define o passeio por onde há-de passar o Papa Francisco. Chegaram nesse dia, sentaram-se e ali ficaram. Para Celestina, este dormir ao relento, enfrentando chuva, o frio e o sol que apareceu mais do que o que estava previsto, é uma estreia que jura não estar a ser difícil. “Não vamos ficamos doentes. Então estamos sempre a rezar a Nossa Senhora para nos dar saúde, como vamos ficar doentes?”, diz, bem disposta, depois de quase 24 horas a guardar o lugar que não quer perder até que se cumpram todas as cerimónias do dia 13 de Maio.

Os amigos já estão habituados a estas andanças e Madalena está entusiasmada com a possibilidade de ver o Papa Francisco. “Vimos pela devoção a Fátima e porque o Papa Francisco mexe com todos nós”, diz. Não sabe como vai reagir à presença de um Papa que já aprecia à distância, depois da reacção que teve quando viu, também ali, o Papa Bento XVI, de quem não era grande entusiasta. “Quando o vi, chorei com a cara dele. A santidade que tinha”, diz.

Ainda assim, Madalena não bate o entusiasmo de Arnalda Vieira, 59 anos, que chegou de Braga, sozinha, e confessa que só se meteu nesta aventura de passar duas noites inteiras ao relento, sentada numa cadeira, colada às grades mais próximas da basílica onde será proferida a missa do dia 13, por causa do Papa. “Este ano é especial. Perdoe-me a Nossa Senhora de Fátima, para mim o principal é o Papa. Espero que ele venha por este lado. Se lhe pudesse dar um beijinho...”, ri.

Com as novas imagens dos irmãos Francisco e Jacinta Marto já a ornamentarem a fachada da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e o terço gigante de Joana Vasconcelos a manter-se firme perante o vento que sopra, o recinto preparava-se para a grande enchente que é esperada nesta sexta-feira e no sábado. À volta, ainda há quem esteja a montar tendas ou a transformar carrinhas na casa por umas noites. Como Joaquina Vieira, 61 anos, e a família, que chegaram de Espinho no dia anterior, mas não gostaram do local que escolheram para pernoitar e mudaram de sítio para um descampado onde não era suposto haver gente a dormir. Vão acomodar-se, os seis — ela e o marido, o filho e a nora, e os dois netos —, nas duas carrinhas que trouxeram. Ou Manuel Santos, de 52 anos, que veio de Moimenta da Beira com seis membros da família, numa visita habitual e que serve para agradecer. “A gente promete qualquer coisa, Nossa Senhora faz-nos uns milagres e vimos.” Desta vez, sente-se grato pelas melhoras da mãe, de 69 anos, que, de olhar apagado, está sentada agarrada a uma bengala.

Vão tentar ir ver o Papa (“senão há os ecrãs”, diz Manuel), mas quem não o vai perder de certeza é Heliodora Reis, madeirense que vive na Malveira, de onde chegou. Também ela está na primeira fila e vai pernoitar numa frágil cadeira. Há dois anos perdeu uma filha de 30 anos; no Natal, morreu-lhe o marido. Nada disso lhe abalou a fé, garante. “Eu queria ficar sempre cá. Nossa Senhora também sofreu e deu o exemplo: Jesus morreu com 33 anos”, diz. Agora vive sozinha, mas diz que não está só. “Tenho Deus, Nossa Senhora e os anjinhos a fazer-me companhia”, afirma.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários