Costa garante que reservas do Banco de Portugal são para “aumentar”, não diminuir

Num debate em que Costa começou por falar de desemprego, Assunção Cristas defendeu a construção de 20 novas estações de Metro e o primeiro-ministro ironizou sobre o financiamento.

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António Costa abriu o debate falando sobre a descida do desemprego LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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Rapidamente o assunto foi para a dívida LUSA/ANTÓNIO COTRIM

António Costa escolheu o emprego como tema do debate quinzenal, mas o assunto esgotou-se nos primeiros minutos com o primeiro-ministro, optimista militante, a dizer que "a taxa ficou em Fevereiro, pela primeira vez desde 2009, abaixo dos 10%, tendo-se registado a "maior criação de emprego desde 1998", vincou - para dizer que as estatísticas mostram que o país "está no bom caminho".

António Costa ainda realçou que se conseguiu uma redução do desemprego "particularmente expressiva em dois segmentos críticos da população: os jovens, onde o aumento do emprego atingiu os 8,5%, e os desempregados de longa duração, cuja taxa de desemprego recuou 18,6%. Mas a direita, quando pegou nos números, foi para desconstruir esta narrativa. 

Luís Montenegro, líder da bancada do PSD, interpelou o primeiro-ministro para dizer que o aumento do emprego e a diminuição do desemprego foram mais intensos em 2014 e 2015 do que actualmente. Se "os números são bons, se há capacidade de a economia criar emprego", há que perceber por que é que isso acontece, disse, atribuindo à reforma laboral levada a cabo pelo anterior Governo PSD.CDS. 

O debate prosseguiu, alargou-se a outras matérias, e no meio de uma discussão sobre termos técnicos com o PSD, o primeiro-ministro garantiu que o relatório do PS e do Bloco sobre a sustentabilidade da dívida pública – em cuja discussão o Governo também participou – não inclui “nenhuma proposta para diminuir as reservas do Banco de Portugal (BdP); pelo contrário, até se propõe aumentá-las”.

O assunto fora lançado no debate quinzenal pelo líder parlamentar social-democrata, que em tom provocador perguntou a António Costa se já falou com “os seus gurus Francisco Louçã e João Galamba” para perceber se vão mesmo “deitar a mão às poupanças, reservas e provisões do BdP para mais uma manigância nas contas públicas”. Porque o relatório aponta para a possibilidade de uma mudança na estratégia de provisionamento do BdP.

Costa aproveitou para criticar a “demagogia chocante” de Luís Montenegro, ao querer deixar no ar que pode estar em causa a venda do ouro (reservas) do banco, e satirizar os seus conhecimentos por “confundir provisões de uma empresa com reservas do BdP”, disse ser público que o banco “alterou o seu critério de provisões e que no OE2017 já está inscrito um aumento das receitas com dividendos do accionista Estado. Afinal até vamos receber mais do que previsto no OE porque os dividendos são superiores”. Já depois de receber o apoio de Catarina Martins – “é dinheiro nosso” e “ninguém quer tocar nele”, vincou a dirigente bloquista sobre as reservas – Costa diria que “coisa diferente é a aplicação dos proveitos do banco (o que é constituído como provisão para fazer face a necessidades e riscos e o que é distribuídos como dividendos)”.

Jerónimo de Sousa não teve respostas concretas de António Costa sobre as questões da contratação colectiva, mas levou um brinde: o primeiro-ministro admitiu estudar a proposta comunista de aumentar, no OE2018, a derrama estadual para as empresas com mais de 35 milhões de euros de lucros anuais por ser preciso “maior justiça fiscal”. Aliás, Costa já deixou mais promessas para o próximo orçamento. Está disponível para se sentar com o PAN para ver como se pode aumentar o contingente de psicólogos no Serviço Nacional de Saúde e nas escolas, e do PEV ouviu que o combate às assimetrias regionais será o pilar das negociações dos ecologistas com o Governo para o próximo orçamento.                        
 

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