Campolide quer metro das Amoreiras “mais dentro da freguesia”

Junta de Freguesia de Campolide acredita que projectos para a freguesia não vão ficar na gaveta. Área Metropolitana de Lisboa e os municípios que a compõem não foram consultados pela administração do Metro de Lisboa sobre a expansão da rede.

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LUSA/Tiago Petinga

Na sexta-feira, a Junta de Campolide congratulava-se com uma decisão que viria a concretizar “uma das causas mais antigas” da freguesia: o Ministério do Ambiente anunciava a construção de duas estações de metro na freguesia até 2022. Pouco tempo depois, um segundo comunicado retirava a referência a estas estações e o anúncio desta segunda-feira veio confirmar que o Governo não prevê avançar com a estação de Campolide e as Amoreiras terão de esperar por financiamento.

“Este é obviamente um retrocesso que não podemos saudar”, disse André Couto, presidente da junta. O autarca reitera que Campolide “precisa de um metro”, por ser uma freguesia onde conflui o trânsito do Eixo Norte-Sul, A2 e A5.

O autarca socialista quer reunir com o Ministro da Economia e a Câmara de Lisboa para “pedir que seja retomada a solução apresentada na sexta-feira”. André Couto concebe, em caso de resposta negativa, a opção de construir a futura estação de metro das Amoreiras “mais dentro da freguesia”, mais próxima do Alto de Campolide. A opção a ser apresentada localiza-se na mesma avenida, a 700 metros da localização agora prevista, mas “que beneficia de forma clara os residentes”.

“Desta vez não é uma hipótese académica”

Já o presidente da Junta de Campo de Ourique, Pedro Cegonho, é adepto da expansão para Santos e Estrela. O autarca socialista defende que, “depois de tantos anos de investimento fora da cidade, qualquer notícia de expansão do metro dentro de Lisboa é sempre uma boa notícia para toda a cidade”.

Cegonho acredita que a expansão do metro para a freguesia – com a construção das estações de Amoreiras, na fronteira com Campolide, e de Campo de Ourique, cujo estudo de viabilidade já foi feito – “desta vez não é uma hipótese académica”. Em 2009, o governo socialista anunciou que a linha vermelha do metro ia chegar às Amoreiras e Campo de Ourique. “Hoje vi que havia um compromisso do Governo e do Metro de Lisboa para que os projectos das quatro estações sejam feitos ao mesmo tempo”, disse ao PÚBLICO. Fica a faltar o financiamento.

Por esse motivo, Pedro Cegonho assumiu “um compromisso pessoal de trabalhar ao lado de Fernando Medina” no projecto e na candidatura ao próximo quadro comunitário de apoio (2021-2027), para obter financiamento.

Área Metropolitana não foi consultada sobre a expansão do metro

Por fazer parte do Conselho Consultivo do Metro de Lisboa e “ser o órgão que reúne os interesses metropolitanos”, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) esperava ter sido consultada pela administração do Metropolitano sobre a expansão da rede. O Primeiro-Secretário da Comissão Executiva da AML, Demétrio Alves (PCP), considera “importante que a [AML] se pronuncie sobre uma questão que não afecta só o concelho de Lisboa”, afirmando que a AML e os municípios que a compõem tem disponibilidade para tal.

Também o concelho de Loures, para onde foi anunciado o crescimento da rede de metropolitano em 2009, confirmou que não foi ouvido. O presidente da Câmara, Bernardino Soares, afirmou à agência Lusa que o município com 220 mil habitantes não vai desistir de reivindicar, junto do Governo, o prolongamento do metro até à cidade.

Em Lisboa, o candidato da CDU, João Ferreira, e o do Bloco de Esquerda, Ricardo Robles, concordam que a expansão para a zona ocidental da cidade devia ser prioritária. Para o bloquista, este plano “é um erro tremendo” que volta a adiar a hipótese de Campolide, Campo de Ourique, Alcântara, Ajuda e Belém ficarem "mais perto" da cidade.

Convicto de que esta é “uma decisão errada, à medida dos desejos eleitorais do Partido Socialista”, João Ferreira acrescenta que as obras na zona da Estrela e Santos representam “um investimento demasiado avultado” dadas as características da zona. Refere-se à necessidade de “actuar nas enormes pendentes entre a Estrela e Santos, no movimentado trecho da 24 de Julho entre Santos e o Cais do Sodré e numa zona onde se colocam questões de fundação da obra subterrânea dada a proximidade ao Tejo”.

“Tanto investimento para duas estações que não acrescentam nada de significativo à rede de metropolitano” e numa “zona que não está mal servida de transportes”, apontou.

Uma posição semelhante é assumida pelo presidente da Junta de Freguesia da Estrela. Luís Newton escreveu, em Novembro num artigo de opinião publicado no PÚBLICO, que “as prioridades deveriam ser outras”. O autarca considera que as duas estações de metropolitano previstas para a freguesia são “irrelevantes para o esforço de diminuir o número de carros que circulam em Lisboa.” Uma estação em Alcântara devia ser a aposta do Governo, apontou.

António Prôa, vereador do PSD na Câmara, considerou que, “sendo importante a criação de uma linha circular”, as estações de Campo de Ourique e Amoreiras deviam ser uma prioridade. Espera ainda que o Governo “resista à tentação de fazer favores aos presidentes das câmaras que pedem prolongamento da rede para fora das zonas urbanas centrais”, escreveu no Facebook, defendendo que nas áreas limítrofes as soluções “deverão ser outras”.

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