Afinal não é um, são dois terços gigantes. Horas depois da inauguração da obra Suspensão de Joana Vasconcelos, em Fátima, começaram a surgir nas redes sociais imagens de um outro terço suspenso, criado em 1998 e cuja nova versão foi inaugurada a 5 de Abril em Vila Velha, no Estado brasileiro de Espírito Santo. Surgiram imediatamente acusações de plágio, que a artista portuguesa rebate.

"Há símbolos que são símbolos de todas as pessoas, como carros, sapatos, e que são tratados por vários artistas. As pessoas trabalham os símbolos conforme a sua perspectiva e conforme a sua maneira de ser. Os símbolos não são de ninguém", argumenta Joana Vasconcelos, em declarações ao PÚBLICO, acrescentando que "símbolos incríveis como o terço são de uma cultura, são das pessoas em geral".

A peça de Joana Vasconcelos é feita de contas brancas, tem 26 metros e vai ser iluminada pela primeira vez na noite de 12 de Maio, quando o Papa Francisco entrar no santuário de Fátima. Para a artista, não há uma relação entre os dois terços suspensos. “A outra obra tem tanta legitimidade quanto a minha, mas a minha obra tem algumas características pessoais e únicas.”

“A minha obra é feita em plástico e não em esferovite como a outra. Além disso, a minha obra tem uma escala adaptada à arquitectura. Não é uma coisa pendurada entre duas palmeiras”, disse ainda a artista, que demorou cerca de um ano a construir esta instalação, que foi agora colocada em Fátima, no âmbito do centenário das aparições. 

“A minha obra acende-se à noite e é fluorescente. É uma peça pensada para uma situação específica que é o santuário de Fátima e a aparição aos três pastorinhos da Nossa Senhora", continua a artista, que criou um terço "em PVC com um sistema de iluminação de cor verde, para poder dar aquela ideia da fluorescência”. Além disso, a suspensão é proporcionada por “várias estruturas metálicas”, acrescentou, reafirmando a diferença entre as duas obras.

O terço brasileiro, criado por Osmar Sales, um médico de 61 anos, está suspenso entre duas palmeiras, sendo composto por bolas de esferovite recicladas, flores de placa de espuma, seis mil pérolas e arames de ferro. Para montar o conjunto de 12 mil peças, que perfazem cerca de 30 quilos, foram precisos dois meses, noticia o site Globo.

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“Este terço foi concebido há já algum tempo com a pura intenção de homenagear Nossa Senhora, com o tema 'coroação'. Disseram-me que daqui a algum tempo seria a festa de 300 anos de Nossa Senhora Aparecida e que eu poderia fazer uma homenagem nesse sentido”, explicou Osmar Sales ao mesmo site.

O autor revelou ainda que o terço original surgiu de uma tentativa de recriar o terço gigante de uma missa celebrada por João Paulo II, no Rio de Janeiro. “Em 1997, houve a missa do Papa João Paulo II, lá no Rio, e um terço de esferovite subiu com balões de gás. Tentei fazer isso aqui, mas ficou pesado e, então, pendurei nas palmeiras. O frei permitiu que colocasse, pois não queria deitar a peça fora”, contou.

O terço brasileiro foi inaugurado a propósito da Festa da Penha, um evento religioso realizado entre 16 e 24 de Abril, e estará exposto no Convento da Penha até meados deste mês.