Tate Gallery pede donativo a empregados para oferecer veleiro a director

Nicholas Serota está de saída e “presente-surpresa” gera revolta entre funcionários.

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Nicholas Serota no Museu de Serralves em 2016 Manuel Roberto

Há presentes de despedida e presentes de despedida. Na Tate Modern e na Tate Britain, provavelmente a marca de arte contemporânea mais cool do mundo, um presente de despedida para o homem que a fez, Nicholas Serota, tinha de ser especial. Os trabalhadores destas galerias britânicas receberam um apelo, através de um cartaz afixado pela própria casa, para contribuirem com o que quisessem para a compra de um veleiro, a oferecer a Serota, o director que esteve 28 anos à frente dos destinos da Tate e que é considerado um dos nomes mais influentes da arte contemporânea. Serota vai sair em Maio.

A fúria não se fez esperar, porque alguns dos trabalhadores, revela o Guardian, não recebem um salário suficiente para conseguirem viver em Londres. O pedido para este “presente-surpresa” foi sentido como uma afronta e prova do fosso existente entre administração e trabalhadores.

“Nick adora velejar e este seria uma lembrança duradoura e muito especial, prova da alta estima que sabemos que muitos de nós têm pelo Nick e pela sua contribuição para a Tate”, diz o apelo à doação. O cartaz, intitulado “Fundo de saída de Nick”, surge numa altura em que os sindicatos e a Tate estão envolvidos numa negociação sobre aumento de salários e trabalho em forma de outsourcing.

Tracy Edwards, uma sindicalista citada pelo Guardian, afirmou que vários trabalhadores a tinham contactado e que, no início, ela achou que se tratava de uma brincadeira: "Os trabalhadores da Tate são mal pagos, têm trabalho a mais, não têm aumentos e isto só demonstra o quão divorciada da realidade a administração da Tate está. Parece-me um grande erro de julgamento."

O cartaz já foi retirado e a Tate, através de um comunicado na sexta-feira, disse que a ideia de dar um barco a Serota tinha chegado através dos próprios trabalhadores e que “pedia desculpa se a forma como a proposta tinha sido comunicada era insensível”. Acrescentava que todos os trabalhadores tinham sido convidados para a festa de despedida e que não havia nenhuma obrigação de contribuir. E lembrava: “A Tate tem investido consideravelmente no aumento de salários nos últimos três anos.”

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