Na Nova Zelândia, jovens com menos de 18 não podem ver Por 13 Razões (a não ser acompanhados)
A cada semana, uma média de dois jovens comete suicídio no país, sobretudo na faixa etária mais "sensível" dos 16 e 17 anos.
Na Nova Zelândia, os espectadores com menos de 18 anos que queiram ver a série da Netflix Por 13 Razões terão de o fazer acompanhados por um adulto. O Gabinete de Cinema e Literatura da Nova Zelândia (GCLNZ) criou uma nova categoria etária de censura especialmente apontada à faixa etária compreendida entre os 16 e os 17 anos devido às questões suscitadas pela exibição desta série em que um adolescente, Clay, segue as pistas que possam explicar o suicídio de Hannah, uma colega de turma. Várias organizações de saúde mental protestaram contra Por 13 Razões, dizendo que glorifica o suicídio e que pode levar outras pessoas a fazer o mesmo, escreveu o The Guardian.
A cada semana, uma média de dois jovens comete suicídio na Nova Zelândia. O gabinete decidiu por isso criar uma nova classificação de censura que abrangesse o grupo etário considerado mais propenso ao suicídio.
“A Nova Zelândia tem uma das taxas mais altas de suicídio jovem entre os países da OCDE, e os defensores da saúde mental estão muito preocupados com o efeito que Por 13 Razões pode ter nos adolescentes que estão a ver a série de enfiada [bingewatching] neste momento”, disse o GCLNZ, citado também pelo Guardian.
O gabinete responsável pela classificação etária das obras literárias e audiovisuais naquele país considera que a série não segue as directrizes de uma representação responsável do suicídio e falou com vários jovens que viram Por 13 Razões e grupos de saúde mental. Apesar de reconhecer que a série expõe os jovens a temas importantes, como o suicídio e o bullying, os seus membros argumentam que o suicídio de Hannah foi tratado de forma “fatalista”: “A sua morte é às vezes representada não só como lógica, mas como um desfecho inevitável dos eventos que se seguem. O suicídio não devia ser apresentado a ninguém como sendo o resultado de um pensamento claro”, disse o GCLNZ.
O gabinete considera perigoso que a série “ignore a relação entre o suicídio e a doença mental que às vezes o acompanha”. “As pessoas cometem suicídio porque não estão bem, e não apenas porque outras pessoas foram más para elas”, adverte o organismo, que deixa ainda uma palavra sobre a violência sexual: “Também é muito danoso apresentar a violação como uma ‘boa razão’ para alguém cometer suicídio. Isto manda a mensagem errada aos sobreviventes de violência sexual sobre o seu futuro e o seu valor."