Carta a Vladimir Putin
Não sabemos qual será o futuro das Testemunhas de Jeová na Rússia. Na realidade, nem sabemos quais serão as consequências para as restantes espalhadas no mundo inteiro.
Dear Mr. Putin,
Escrevo-lhe esta carta aberta como consequência da minha preocupação. Ao chegar a casa no dia 20 de abril, deparei-me com a notícia que apresentava o resultado do julgamento das Testemunhas de Jeová na Rússia, julgamento este que tinha acompanhado durante as duas semanas em que as audiências se foram prolongando. Foi com grande pesar que soube da proibição, por parte da Rússia, de qualquer atividade relacionada com tal comunidade religiosa, justificando esta condenação com a acusação de que as Testemunhas de Jeová são extremistas.
Fazendo parte desta organização, entristece-me que a liberdade religiosa seja hoje nada mais do que uma simples expressão sem qualquer valor visível. A liberdade religiosa envolve, se nada mais, o respeito pelo próximo, desde que as nossas decisões não coloquem em causa a liberdade dos outros, já que “a minha liberdade termina onde começa a dos outros”. Ora, nada do que foi dito acima proíbe, antes pelo contrário, a prática das nossas crenças ou a associação entre irmãos nos salões do reino. Apelidar de extremistas pessoas que agem de acordo com as suas crenças, não colocando em causa a segurança de ninguém, parece-me sim algo extremista.
Tais proibições levam-me a questionar como podemos ser considerados um mundo desenvolvido, quando existem questões que são reprimidas e colocadas de parte. Somos acusados de extremismo, tratados como criminosos. E falo em crime porque nos colocam numa situação em que não sabemos se enfrentaremos anos na prisão mediante a divulgação de uma mensagem de paz e de esperança, por termos a indecência de achar que dispomos também do direito à liberdade de expressão e de religião.
Várias vezes nos apresentam a ideia de que invadimos a liberdade do outro quando consideramos a nossa religião como a única verdadeira, mas a realidade é que ninguém pertence a nenhum grupo, do que quer que seja, se não acreditar nele, se não achar que aquele é o lugar que o preenche e não outro. E esta ideia não envolve que o outro seja o inimigo nem que a noção de respeito deva ser descartada.
Efetivamente, não sabemos qual será o futuro das Testemunhas de Jeová na Rússia. Na realidade, nem sabemos quais serão as consequências para as restantes espalhadas no mundo inteiro. Por agora, podemos apenas esperar e aspirar a um mundo que realmente cumpra com aquilo que diz exigir.
A autora escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico