CEIIA escolhido pela ONU para contaminar positivamente negócios locais

Pensar no cidadão que vai usar produto e não no utente ou no cliente. É nesta premissa que o centro de inovação português acredita ter feito a diferença que levou ao convite da Nações Unidas.

Foto
José Rui Felizardo, presidente do CEIIA, encara o convite da ONU como uma "responsabilidade". fvl Fernando Veludo/NFACTOS

Como é que os objectivos globais como aqueles que foram selecionados pela Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável podem ser atingidos através de negócios locais? O tema pode parecer muito vago, mas há exemplos de empresas que podem mostrar caminhos. E entre os milhões de empresas que existem em todo o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu um lote restrito de dez para o fazer, entre elas o CEIIA, um centro de excelência e inovação que tem desenvolvido várias tecnologias na área da mobilidade sustentável.

O CEIIA (nascido como Centro para a Excelência e Inovação da Indústria Automóvel, que em 2014 associou a engenharia aeronáutica) foi convidado a dar o seu exemplo na conferência mundial agendada para a na próxima semana em Nova Deli, na Índia, com o tema “Making Global Goals Local Business”. E foi também escolhido para, nos próximos três anos, integrar o restrito conselho consultivo (com dez empresas) da Breakout Innovation, uma das seis iniciativas que formam a Global Compact, a estratégia que está a ser seguida sob dependência directa do secretário-geral da ONU, lugar agora ocupado por António Guterres.

José Rui Felizardo, presidente do CEIIA encarou o convite e a nomeação não só como uma honra mas, sobretudo, como uma responsabilidade. “Nós desenvolvemos aqui produtos fantásticos, mas não foi por isso que nos escolheram. Foi, antes, pela forma como desenvolvemos esses produtos, desde a sua concepção até à sua operação, e a forma como ele é usado enquanto elemento integrador de comunidades. Não tenho dúvida que é dimensão social que damos aos desafios que nos propomos a resolver que fez aqui a diferença”, afirma o fundador do CEIIA, ao PÚBLICO.

José Felizardo acredita que foi os projectos que foram desenvolvidos pelo CEIIA no Brasil que melhor serviram de montra à ONU para fazer este convite. Entre eles o programa de medição de emissões e de mobilidade elétrica que estão a levar a cabo com os funcionários da Itaipu, a maior barragem do mundo, entre o Brasil e o Paraná, ou o programa de partilha de carros e bicicletas na Favela da Maré, no Rio de Janeiro. “Fomos trabalhando com as 16 comunidades na construção da solução. E eles é que criaram a palavra e usaram o termo certo: mobilidade plena, querendo dizer inclusão social. Toda a gente pode usar, ninguém é excluído”, exemplifica o director do CEIIA.

Durante os próximos três anos, o CEIIA vai tentar contaminar positivamente a forma como se enfretam desafios e se desenham soluções. “É não pensando em clientes ou utentes. É pensando em cidadãos. Isso faz toda a diferença”, argumenta José Rui Felizardo. Porque, diz ele, e usando como exemplo os problemas da mobilidade, em causa nunca estão, apenas, problemas tecnológicos. Estão, quase sempre, problemas sociais. “Usamos o conceito de 'engenharizar a criatividade', introduzindo a componente social em todo o processo de desenvolvimento do produto, desde a altura em que ele se concebe até à a altura em que ele é usado”, termina.

 

Sugerir correcção
Comentar