FMI critica redução pequena do malparado nos bancos portugueses
Bancos nacionais têm de melhorar a forma como são geridos para evitar que, na concessão de crédito, sejam usados critérios que vão além do comercial.
Portugal, a par da Itália, é um dos países destacados pelo Fundo Monetário Internacional como tendo registado progressos insuficientes ao nível do crédito malparado. Aos bancos nacionais, o Fundo recomenda que limpem os seus balanços e que guiem as suas decisões de concessão de crédito apenas por critérios comerciais.
No seu relatório semestral sobre estabilidade financeira publicado nesta quarta-feira, a entidade liderada por Christine Lagarde dá um particular destaque ao problema de excesso de crédito malparado que afecta neste momento diversos sistemas bancários, especialmente na zona euro.
E, em relação a este tema, Portugal e Itália são referenciadas como os países onde se verificam menos progressos na diminuição do crédito malparado. "Uma redução relativamente pequena, face aos níveis mais elevados, ocorreu em dois dos países com os mais altos rácios de crédito malparado, Itália e Portugal", afirma o relatório do FMI, que acrescenta ainda que "mais progressos têm de ser feitos".
O FMI contudo não está à espera de uma solução rápida para o problema e calcula que "pode demorar até seis anos em média para os países da zona euro resolverem os problemas com imparidades".
De acordo com os dados publicados pelo FMI no seu relatório, o rácio de crédito malparado em Portugal atingiu, no terceiro trimestre do ano passado, uma taxa de 12,6%, o que representa o segundo valor mais elevado entre um grupo de 12 países europeus analisados pelo FMI. Portugal fica apenas com um valor mais baixo do que a Irlanda, que tem 14,6%, superando mesmo a Itália, que regista 12,2%.
Nos conselhos específicos que deixa a Portugal, o Fundo diz que, "para voltarem aos lucros e financiarem o crescimento económico de forma bem sucedida, os bancos devem limpar os seus balanços através de uma abordagem abrangente à reestruturação de dívidas, apoiada por um aumento de capital, provisões para créditos perdidos, provisões para imparidade, e por via de uma venda apropriada aos preço certo dos créditos malparados.
O Fundo pede ainda aos bancos nacionais que "reduzam os seus custos operacionais" e que "melhorem os seus sistemas de governação internos por forma a que as decisões de concessão de crédito sejam apenas guiadas por critérios comerciais".
O FMI é uma das três instituições que fizeram parte da troika que esteve em Portugal, entre 2011 e 2014, a fiscalizar a implementação de um programa de ajustamento que tinha como um dos objectivos a melhoria da situação do sistema bancário.